a educação da vida

A violência das torturas nas prisões do Iraque e à sua volta e a instrução do caso Casa Pia ocupam os noticiários de toda a semana que passou. Mas, para mim, foi uma semana da educação.

Por um lado, uma bronca nos concursos de professores estalou e, com ela, o delírio politico e o cheiro a irresponsabilidade vieram para a boca de cena e tomaram conta de tudo. Já não bastavam os problemas de fundo da educação. O Ministério decidiu acrescentar desgraças várias à colocação dos professores que, para além do problema técnico, pode significar insegurança persistente. Já não é a primeira desgraça. Certas medidas do Ministério, que exigiriam prova de competência técnica e bom senso, têm cheirado a incompetência e deixam marcas negativas. Foi assim, no passado recente, com a imprudência da ingerência no sistema de exames e é agora com as mudanças desastradas nos sistema de concurso dos professores. Lá se foram alguns louros que, no campo da educação, o governo procurara ganhar com a campanha politica da luta contra o abandono escolar.

A semana da educação, da iniciativa do Presidente da República, pode ter sido prejudicada por estas provas dadas pelo Ministério. Mesmo assim, sempre se escreveu alguma coisa sobre o estado da educação e sobre as mudanças necessárias. Para alem das visitas a instituições escolares de vários níveis e um pouco por todo o pais, o Presidente da República promoveu algumas sessões em que especialistas europeus puderam falar do problema da educação nos países da Europa comunitária, apresentaram e discutiram possíveis caminhos das politicas de educação. Portugal tem atrasos relativamente aos restantes países da Europa comunitária que parecem mais graves na Europa dos 25.

A escola pública é, nestas alturas, centro de atenções. Todos esperam da escola pública que ela seja a garantia da educação e ensino para todos e, com tais condições e qualidade de serviço, que ninguém a queira abandonar e onde todos queiram aprender e ficar motivados para estudar ao longo de toda a vida. A escola pública é escola de massas e, apesar disso ou por isso mesmo, tem de ser uma escola exigente para pessoas exigentes. Desenvolver valores da educação e o interesse pela aprendizagem junto das famílias em todos os sectores da população é fundamental para a escola pública.

A escola pública não pode ser um reduto assistencial, disse um especialista espanhol. E tem de ser escola para todos e garantindo que todos adquiram as competências básicas necessárias ao mesmo nível, disse um especialista francês. Eduquemo-nos para acreditar nisso até que seja realizado, estudando cada dia da vida enquanto nos aproximamos do futuro. Sem medo.


[o aveiro; 13/05/2004]

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as caras mais a cara do burro feliz