onde a blusa abre

onde a blusa transparece

os olhos matam a sede das mãos ansiosas
do alpinista trepando pelas encostas dos seios,

e, na planta riscada sobre a terra lavrada,

esse vale do ventre em que se levanta o desejo da arquitectura
para a possuída casa ancorada em estacas de vento e de ternura,

eu desenhei a vida inteira por viver e por mais nada

deixei cair pelo fio do prumo o olhar a pique
e, ecoando grave, em queda livre, a voz calei

ali onde a blusa começa e se entreabre
uma porta escancarada.

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somos, fomos, somos, seremos