A família e os amigos.

1.
Há assuntos de família. Os assuntos de família dos outros não me dizem respeito. Não me interessa minimamente a família de Freitas do Amaral. Mesmo quando algum membro da família de Freitas do Amaral foge ao fisco e aos credores, penso que cabe à justiça tratar do caso. Não é assunto que me leve a escrever.
Mas quando o membro da família de Freitas do Amaral que foge ao fisco e aos credores (também trabalhadores por conta dele) aparece com cargo (e mais que bem remunerado) no Ministério dos Negócios Estrangeiros já tenho de me preocupar com ele e com Freitas do Amaral. É mau sinal. O homem não paga ao estado o que lhe deve e recebe do bolo para o qual não dá. E o estado paga-lhe mesmo quando não deve? Não temos um Ministério de Negócios Estranhos.
Denunciado, o familiar demitiu-se. Mas é preciso não esquecer.

2.
E as amizades? As amizades de alguns políticos são curiosas. O nosso Durão Barroso é uma das maiores atra(i)cções de amigos. Há menos de 30 anos, Durão Barroso era um jovem militante maoísta e os amigos que então tinha não vêm ao caso. Há cerca de seis anos chegou ao topo do PSD e a primeiro ministro. Nessa altura, ainda mal aquecera o seu lugar de primeiro quando um amigo de Durão Barroso, com ilha no Brasil, o convida (família incluída) para uma de boas festas com viagem em jacto particular. Quanto custará a prenda do milionário amigo? Durão não deu cavaco ao espanto do povo que maldisse entredentes a compra pelo governo de um magnífico topo de gama à empresa do amigo, bem como a concretização de outros chorudos negócios.
Ainda não passou um ano de chefe dos comissários da União Europeia e já nos dizem que Durão e família teve direito a um cruzeiro de milionário. Durão Barroso alargou o seu leque de amizades milionárias e foi um milionário grego quem lhe ofereceu o cruzeiro. Por acaso, é alguém que não quer ver-se grego nos negócios que mantém com a união de que Durão é chefe executivo.
A família não se escolhe. Os amigos escolhem-se. Os negociantes milionários escolhem, para amigos, primeiros ministros e presidentes de comissão. Há um primeiro ministro e presidente da comissão europeia que é português e aceita prendas milionárias. Em exercício.
Quem disse que estes tipos prestigiam o nome de Portugal? O bom nome?

3.
Foi para estes que se fez o "25 de Abril"?


[o aveiro, 28/04/2005]

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