passado no topo

Estou cansado de estar no topo da minha carreira de docente.
Há vários anos que por ali ando. Não posso dizer que seja a penar, por que sempre fui professor e o que faço é de professor de ensino básico e secundário. É, para além de tudo o resto, um exercício físico exigente. Sempre cansado é certo, mas sem falhas graves de saúde e com o assobio intacto para improvisar bailes mandados. Com assiduidade.

Para chegar ao topo da minha carrreira, fiz de todas as funções docentes um pouco e um muito e fiz tudo o que foi preciso fazer, formação contínua e exame, relatórios, etc. Pelo sim e pelo não até entreguei os relatórios quando me disseram que, por ser dirigente da escola, não precisava de fazer e entregar relatório para apreciação. Entreguei-o mesmo assim para ter prova e há ofício da administração a devolver o dito.
Fiz a minha carreira como qualquer outro profssional. E não posso aceitar que digam o contrário; quando dizem generalidades os governantes dizem que estou no topo porque tenho idade para isso, porque envelheci simplesmente. Quando falam, os responsáveis pelo estado a que isto chegou cansam-me demais. Até porque foram eles que inventaram este sistema fantástico que lhes permite mentir hoje sobre a sua acção passada e travestirem-se de salvadores em cada nova aparição.

Em greve, para não diminuir o passado!

3 comentários:

Migas (miguel araújo) disse...

Meu caro Professor.
Se há pessoas que, independetemente das convicções e da forma de sentir e olhar a vida, nos marcam, o meu caro sabe que foi uma delas. E se puxar pela sua intensa memória, saberá do que estou a falar.
Não é graxa. Porque de notas já não preciso.
Mas sim, pela responsabilidade que me assiste de, por consciência e por imenso respeito, ser uma prova viva do que afirmou no seu post.
Só tenho pena que se tenha quedado pela modéstia.
Porque foi professor, foi um excelente presidente do Conselho Directivo (era assim na altura) e um ferveroso adepto e motivador do associativismo estudantil e da participação activa dos estudantes na vida da escola.
Eu sei porque consigo trabalhei durante 3 anos.
Eu sei, porque senti enquanto "passeador de livros escolares", o quanto o Liceu José Estêvão lhe deve.
Pela sua dedicação, pelo seu trabalho.
E não diga que fez a sua carreira como outro profissional qualquer.
Isso é modéstia falsa e coporativismo sem fundamento, meu caro prof.
Tomara muitos dos que hoje e ontem fizeram greve, conseguir rechear a sua carreira profissional com uma dedicação ao ensino como a que o Prof. sempre demonstrou e praticou.
Reconhecidamente, pela memória e para não diminuir o passado, um aluno agradecido.
Um abraço

adealmeida disse...

Saberás pois que fui avaliado e fiz os possíveis por ser avaliado por todos os processos ao dispor e decididos pela administração. Como qualquer profisisonal. Porque o que hoje me andam a dizer não é que abandalharam a avaliação a tal ponto que é como se ela não existisse. O que andam a dizer é que todos nós chegámos ao topo envelhecendo alegremente. Eu não cheguei, não quis chegar assim e pude fazer isso, porque não me bandalhei ao ponto de deixar que me abandalhassem na minha própria avaliação. Quem é responsável pelas leis e depois pela promoção do incumprimento? Eu só quero que antes de empalearem o futuro, reconheçam os erros do passado, o incumprimento. Porque eu já vivi várias reformas e estes tipos querem parecer muito rigorosos nas palavras, mas amanhã vão promover alguma bandalheira... Já não poderão dizer que eu beneficiei de uma futura bandalheira qualquer, mas dirão de outros... O pior é que estes processos repetidos são o nosso retrato .... de caras de cauda da europa.
Isto é muito cansativo.

Unknown disse...

É, de facto, muito cansativo. Tão cansativo que eu me sinto com vontade de abandonar.
Tu bem sabes que lutar, para mim, foi um vício, mas cansou-me. Gastou-me.

as caras mais a cara do burro feliz