o passeio que passeia

Antes de mais nada, devo dizer que ando contente com coisa pouca. Como é natural em mim, devo confessar. Há mais de uma dúzia de anos que vim morar para o bairro da cooperativa. À volta da casa, continuaram as pequenas e grandes obras. Antes da minha rua que nem demorou muito a ser feita, viveram-se tempos desesperados para as primeiras ruas do empreendimento cooperativo. Só que uma rua ainda é a rua dos carros e a rua que os meus pés pisam só agora está a surgir completa. Fico contente e vou fingir que esqueço de toda a lama e poeira que nos cercou todos estes anos passados. De facto, tudo foi feito para acolher os automóveis e, por isso, já nem estranho ter ficado rodeado de carros por todos os lados e até ver que eles galgaram das ruas para os passeios dos peões. À porta da escola onde trabalho, as horas de entrada e saída de jovens mostram o atraso da minha cidade: jovens fazem manobras com grandes automóveis para mostrar a máquina às catraias, mães e pais fazem filas de blindados para despejar as crianças e jovens, ... Tudo está feito para os carros e, mesmo quando não está, a vontade das máquinas tomou de assalto o espírito dos lugares e ouve-se um ronco de (a)celerado. Mesmo assim, fico contente por ver o passeio da minha rua e ganho nova esperança em ver nascer passeios nas ruas de entrada de Esgueira que os meus pés não encontram hoje, quando lá chegam vindos do outro lado da linha. Contente também fiquei por ter conseguido pisar passeios (ainda em obras em alguns sítios) desde a cidade até ao Parque de Exposições. É bom pisar passeios. Dá-nos algum conforto e segurança. Coisa pouca e fico contente.

Na sexta e sábado passados, discutiram-se tecnologias da informação desde o passado até ao futuro, desde o Portugal até ao Aveiro-Digital. E veio Ministro, para o enceramento. Na segunda, vieram as tecnologias limpas até Aveiro pelas mãos do Presidente. O dia seguinte acordou as PME com um deputado despertador... Os porquês dos temas desfilaram? Quem é quem desafiou o futuro?

Claro que nenhum deles pode perceber o meu sapateado de alegria pelos passeios. Talvez nem saibam da importância do tema dos passeios de Aveiro. Talvez saibam.


[o aveiro; 15/03/2007]

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pelos olhos dos dedos

já não sei há quantos anos estava eu em Elvas e aceitei mais um que fui