estreita a passagem

estreita a passagem entre penhascos um rio

deixa que me lembre em contraluz os teus dedos
apontando mais adiante uma agitação um desvario
o silêncio das ausências que há em todos os segredos

deixa que me lembre de algum sermão que seja rouco
na tua voz ditado para a nave nua onde ninguém pára a ouvir
como não se ouve um murmúrio que ainda está para vir
ou o sussurro de quem perdeu os dons e ficou mudo e louco

por um ai tu te esgueiras para não seres mais que lenda
aquela que até da vida se escapa por um fio
uma mão não mais que uma mão de través uma fenda

estreita a passagem entre penhascos um rio

1 comentário:

© Maria Manuel disse...

:)

não importa quem fomos quem somos
ausentes no vento que nos cria lendas

secretas. estreitas as sendas os caminhos
breves na perenidade das águas silentes.

pelos olhos dos dedos

já não sei há quantos anos estava eu em Elvas e aceitei mais um que fui