a coisa


Podes olhar e ver um espelho simplesmente um espelho decorado a ferro forjado ou ver uma janela que pode abrir-se ou a geometria da decoração em ferro forjado ou a transformação geométrica da árvore em imagem ao espelho ou imaginar e ver a forja a face tisnada do ferreiro o martelo nas mãos calejadas do ferreiro as faíscas saltando da bigorna a labareda como um sopro do carvão incendiado o ferro vermelho contorcendo-se de dor de queimado e torturado ou como uma cobra apanhada e depois sempre presa mergulhada na celha ou no ribeiro que ali passa para que se torne rígida a forma temperada na forma de uma encomenda desenhada por uma tradição vista num risco de pais para filhos ferreiros todos ou podes concentrar-te no vidro e do fogo que consumiu a areia até ser vidro e espelho. Podes ver o que quiseres. Assim o queiras ver.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esbarrei-me por acaso com este lado esquerdo da escrita.
Deste lado meu, direito, a escrita esquerda que li é tão destra quanto aquela que endireita o olhar de quem vê e quer reparar.
Ver todos vêem, olhar nem todos sabem fazê-lo!
Se queres ver, olha, se queres olhar, repara…
Gostei do que li! Também gosto de ver, com outro olhar.

Xena

pelos olhos dos dedos

já não sei há quantos anos estava eu em Elvas e aceitei mais um que fui