O prego no sapato

Um amigo que é pai preocupado e prego no sapato publicou no passado domingo um comentário sobre a avaliação no ensino básico. Para os professores, como eu sou, a leitura de notas dos pais sobre o ensino e a prática dos professores ajuda a olhar para o nosso mundo. Passo a minha vida a falar sobre os problemas que ele levanta. Ainda hoje me deram a oportunidade de falar com professores estagiários da Universidade de Aveiro e só posso dizer que as suas preocupações não me são estranhas e, tenho de o confessar, que as partilho (não para o básico só - para todo o ensino). Avaliação urgente? Pois claro! De quem, afinal?

Os pais que assim falam ajudam a escola e os professores. É para ler.

De regresso de Moncorvo

De regresso de Moncorvo, onde estive a cumprir um dever de ofício, falando para professores de Matemática, dei pelo recado de A.A. Fernandes a recomendar a leitura de uma coluna do Público de quinta feira passsada - Aborto - em Defesa da Moderação - escrita por João Pedro Henriques. Aqui fica o recado de A.A.F.

Segunda

Na segunda feira, fui surpreendido por um título de tipo que já não lia há muito tempo -- Tópicos Sumaríssimos Sobre IVG de Sottomayor Cardia. Recomendo.

Do mesmo Público, de segunda, também recomendo a leitura de A Conspiração de Helena Matos que Alexandra Lucas Coelho escreveu. Bate bem, em meu entender.

A chave dos sonhos.

Quando se juntam dois velhos, de que falam eles? A maior parte das vezes falam do passado, umas vezes tomados por estáticas lembranças do bom que foi (mesmo que não tenha sido bom), outras vezes falando sobre o que podia ter sido e sobre se podia ter sido como se tinha pensado que era bom que viesse a ser. Estranha frase!

Se juntarmos duas pessoas com 25 anos de sócios da mesma cooperativa de habitação, de que falam eles? Do que era a cooperativa e do sonho que morava nas casas da sua imaginação, do que afinal não foi, de quem e do que se perdeu pelo caminho. De passagem, falam de quem travou o quê, de quem fez o quê. Falam dos 15 anos de dança entre terrenos, desde a fundação da cooperativa até às primeiras chave e fechadura de casa construída no que é a sua urbanização.

Sabem que a Cooperativa não é o que inicialmente sonharam como obra cooperativa. Eles lembram-se bem do que defenderam, dos terrenos em direito de superfície, da propriedade colectiva, da casa para habitação própria e só transmissível de pais para filhos, etc. Também sabem que afinal adquiriram casas em regime de propriedade individual e que há pessoas que venderam as suas casas a preços do mercado(o que é isso?), ou que as alugaram, … Eles estão rodeados da vida inteira e não só dos seus sonhos feitos realidade.

Viram as pessoas mudar entre os valores cooperativos e os do mercado. Hoje em dia, as pessoas são sérias (e espertas!) se aproveitam as oportunidades de acordo com a lei ou legalmente e não são sérias por o serem simplesmente. Os governos empurraram a actividade social das cooperativas para o mercado e as cooperativas não podem controlar a vida e actividade individual dos seus membros. Podemos lamentar que parte dos sócios das cooperativas não actuem de acordo com a ética cooperativa? Podemos. Haverá sempre bons e maus cooperativistas e cooperativistas que têm valores muito diferentes dos nossos. Assim acontece com todas as actividades humanas.

Sendo uma actividade humana contraditória, como todas, as cooperativas construíram casas e nós sentimos que fizeram bem, mesmo que tenha havido quem delas se aproveitou para outros fins menos legítimos, não menos legais. A cooperativa é feita de sonhos também por não controlar consciências.

Em 25 anos, tudo muda numa cidade. A Cooperativa de Habitação de Aveiro, CHAVE, faz 25 anos neste mês de Março e é uma parte da cidade que mudou. Merece humanos parabéns!

[o aveiro; 4/2/2004]

as caras mais a cara do burro feliz