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sobre uma força acrescentada ao livro

agosto de 1992
praia
rádio nova
aresta

notas escritas para dizer depois da praia


Todos os dias o víamos chegar à praia. "À praia!" é uma maneira de dizer. A mulher que o acompnhava vinha estenderduas toalhas à beira do mar, e , por ali ficava umas horas deitada numa delas. Por vezes levantava-se e ia molhar os pés, o rosto e a cabeça. Ele nunca metia os pés na areia.
Sem dizer uma palavra, antes de entrar na areia, ele virava à esquerda e ia instalar-se numa cadeira na esplanada do barzeco que ali havia. A empregada já sabia e trazia na bandeja uma bica, um quarto de pedras e um copo.
De uma pasta velha, via-se que ele tirava uns livros e um caderno enquanto olhava distrído para o mar. Muitas vezes via-se que olhava para a mulher deitada lá ao longe. Lia a maior parte do tempo. De vez em quando, escrevinhava no caderno de capa dura, com aplicação.
Pensávamos que devia ser escritor, professor ou coisa assim.
Era assim, todos os dias, até este ano. Agora é quase assim: ele vem, vai sentar-se na esplanada, tira os livros. Mas em vez do caderno e da caneta ele põe em cima da mesa uma pequena máquina do tamanho do caderno. De vez em quando, como antes escrevia, agora bate no pequqeno teclado, com aplicação. Textos? Cálculos?
Pela empregada do bar, ficámos a saber que agora, ele usa um PowerBook.....
E não sabemos mais sobre ele. Fazemos apostas sobre o dia em que ele vai atravessar o areal e deitar-se na toalha que a mulher todos os dias para ele estende cuidadodasment.


dizer mais tarde das casas aos arquitectos

(1)
«Falemos de casas. E das doces mãos que as afagaram nos estiradores. Ainda antes dos pedreiros desenharem, pedra a pedra, as linhas dessas mão aventureiras. ¿Que outros olhos podem arriscar a luminosa dimensão do habitante futuro? Falemos de arquitectos, de uma batalha, do poder antigo dos deuses que criam as casas para cada um, segundo asua felicidade. Falemos da paião da deseordem na criação, falemos da ordem na construção. Falemos de harmonia e luz.
De uma janela nocturna e vaga, um arquitecto vê a cidade e sorri quando descobre, ao longe, a sua impressão digital.
(2)
Falemos de cass na paisagem. O poder dos deuses é esse: na paisagem espalhar uma casa aqui uma casa ali. Ao distribuir as casas se distribuem as pessoas, os animamis, as plantas, as pedras. A vida é feita das companhias, das que rastejam para o buraco da cave/caverna, das que voam para a boca redonda de um ninho na montanha da casa, das que estão na espera da luz e da sombra, das que pairam como a neblina da manhã. A vida é feita dessas linhas. Esperamos dos arquitectos essa graça de amar a paisagem, em paz com ela, em guerra com ela.
Se alguma estrutura rasga o céu, há um risco que o lápis não concluiu e há um arquitecto que se sumiu no vento. Falemos de arquitectos, falemos da arte, falemos da ciência, falemos dos construtores do mundo.

(3)
Quem desenhou a tua porta? Quem decidiu que a tua janela abre para esses lado da vida mais sossegada? Quem desenhou o passeio que te guia os passos? Quem imaginou o labirinto em que te perdes? Falamos dos arquitectos, do desenho das margens dos rios que nós somos. Se falamos de nós e da violência dos rios que galgam as margens, porque não falamos as violentas margens que nos comprimem? Porque não falarmos dos arquitectos?

O cão escolhe o sítio. Desenha as suas fronteiras de cheiro. E nós? Somos levados pela trela a percorrer o labirinto desenhado pelo outro, o arquitecto. Saibas tu identificar-te com o arquitecto feliz com cão.


dos descansos
Hoje amanheceu sem sol. O nevoeiro tomou conta de tudo.
(1)
Ainda antes de me levantar soube tudo isso pelos ouvidos. A ronca do farol não descansou enquanto não invadia o meu torpor com o seu aviso à navegação. O meu corpo ainda navegou no mar dos lençóis por mais uns minutos, até quesenti o casco bater nas pedras. Antes do naufrágio iminente, acordei realmente.
Levantei-me. Tomei um duche e vesti-me lentamente. Enquanto me vestia, ouvi um resmungo a perguntar as hooras. Respondi: Dorme! Está muito nevoeiro e está frio!
Passei à cozinha, preparei o café. Com as persianas levantadas, sentei-me à mesa da sala a bebericar o café e a olhar para o manto de nevoeiro que não me deixava ver o mar.
Depois, com alegria, disse alto: " Bom dia para mim" enquanto ligava o computador e ajeitava as folhas as folhas dos esboços por onde me guio, ao ritmo da longínqua ronda do farol.


(2)

O poeta caminha a largas passadas pela areia húmida. Não gosta da areia nos sapatos e, por isso, arrisca-se ao assalto da água.
Quando é assaltado por alguma imagem que não quer perder, baixa-se e escreve com o dedo, na areia. Depois, agarra essa areia cujidadosamente e mete-a no bolso.
Tornou-se em motivo de troça para toda a rapaziada da praia, mas ele parece nem dar por issso. Ou não se importa mesmo nada.
Quando chega a casa, tira a areia dos bolsos e espalha-a na mesa. Já lá não estão as palavras. Mas ele está a vê-las na areia, enquanto liga o computador e as transcreve letra a letra para memória do deu Macintosh. Só depois de depositar as palavras no computador é que limpa a mesa. Com cuidado, para não riscar.
Quando Agosto chegar ao fim, o seu livro "Palavras de areia e vento" está pronto para ser impresso na Laser e entreguena editora.



Abril de 1993

Memória FM
aresta




(1)
Ontem imaginei as caras do amigo de hoje.
Procuro, pelas ruas de hoje, a face.
Nasci para te procurar em todas as faces e quando te encontrar hás-de ler-me os olhos. Saberás distinguir-me entre todos os outros vultos. Mas serei eu a mostrar-te o caminho e a forma das asas que te faltampara transpor o abismo entre o que pensas que não sabes e a liberdade toda que te quero dar.
Eu procuro a tua curiosidade criativa e esplêndida. Procuro a face irrequieta - a juventude da vida por descobrir.
Tu verás em mim o pecado, sem pecado, da mação original - fonte de todo o conhecimento do bem e do mal e da humandidade. Em busca do caminho de regresso ao paraíso, agora fonte da sabedoria sem limites, encontras-me como memória, caminho, ferramenrta, interface.
Eu serei feliz contigo.



(2)
Quantas ilusões guardas no teu coração? Quantas descobertas tens por fazer?
Se não te chegam os dedos das mãos para contar as paixões que queres viver e se é preciso procurar em todas as imagens, em todos os sons, em todas as palavras a descrição para as tuas emoções então aindda estás vivo e a vida está em todas as esquinas.
Há uma ciência e uma arte para os teus gestos . À primeira dão o nome de curiosidade, prazer na novidade, investigação. À segunda chamarão criatividade, expressão artística, gosto, desejo,e busca da beleza.
E eu espero os teus dedos, ágeis instrumentos da tua inteligência. Mais que uma ferramenta e extensão da tua inteligência, eu sou uma emoção a acrescentar à tua vida.
Quantas ilusões guardas no teu coração? Quantas descobertas tens por fazer?



(3)
Quando abres a gaveta, encontras um poema, uma carta, a letra de uma canção que não quiseste esquecer, uma fotografia que tinhas esquecido, um cabelo roubado, um clip, uma folha amarrotada por uma fúria que já passou.
Quando fechas a gaveta, estás pronto para outra, que nem sabes qual é. Mas isso que interessa? Aumentos o volume doo som do video clip que não te cansas de sentir com os sentidos todos.
Há a memória das coisas feitas. E há a memória das coisas por fazer, uma memória do futuro. Que não te falte a imaginação das coisas feitas e não te falte a imaginação das coisas pque vais fazer.
Eu estou nas tuas encruzilhadas e acrescento memória e imaginação à memória da tua imaginação.
Podes aumentar o volume? Eu gosto da música e da letra - tanto como tu.



nota: das memórias perdidas não completamente. escrevi e recebi de mim o texto batido por mim. tenho a certeza que nunca ouvi esse som de porto
.

pelos olhos dos dedos

já não sei há quantos anos estava eu em Elvas e aceitei mais um que fui