(...)
Naquela sala do Coliseu de Lisboa, a vocalista dos Deolinda, do alto dos seus 33 anos, anunciou que a última canção era nova e que era "dura" de ouvir. Chama-se "Que parva que eu sou" e diz assim: "Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição. Que parva que eu sou! Porque isto está mal e vai continuar, já é uma sorte eu poder estagiar. Que parva que eu sou! E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar..."
Entre as brumas da Memória: Um caso muito sério - Os Deolinda, Joana Lopes citando Maria de Lurdes Vale no DN
Quanto mais poético, mais verdadeiro
Declaro que, no próximo domingo, votarei em Manuel Alegre.
Amanhã, sexta, vou ao Pavilhão Académico onde não entro há muitos anos. Há pelo menos dois comícios que me fazem lembrar o Pavilhão Académico da Costa Cabral e ambos foram comícios infelizes que eu bem queria que não tivessem acontecido: um contra o assassinato do Padre Max e da minha ex-aluna Maria de Lurdes e outro contra o assassinato de dirigentes comunistas do Brasil. Em ambos participei activamente, engolindo em seco as palavras que me senti obrigado a escrever e a dizer, porque não há palavras que nos devolvam a vida que nos tiram. Foram manifestações exaltantes de unidade de homens e mulheres de esquerda que se recusam a aceitar crimes, de um modo geral, e muito especialmente aqueles que são praticados contra a liberdade das ideias e a coragem de as defender. Lembro-me de poetas, músicos e cantores. Lembro-me de José Mário Branco que então acompanhei enquanto fazia germinar - O sangue em flor - como hino contra a repressão no Brasil de então. Não tenho saudades do sofrimento. Só tenho saudades de amigos, sendo eles o que quiseram ser depois. Esses comícios lembram-me também Ruy Luis Gomes, Eugénio de Andrade e um professor brasileiro, Bayard Boiteaux (isso ou parecido) que então conheci, porque me lembro da bondade com que aceitaram conviver com um jovem esquerdista, então professor estagiário. E lembro-me de como se envelhece bruscamente.
Espero do comício de hoje outra forma de participar na vida política: a comunhão simples de pessoas livres. Uma verdadeira festa. Que bem merecemos. Eu também mereço a festa que me faz falta, e a eleição de um poeta pode ser a festa que me falta, aquela que eu quis esperar.
Arsélio Martins, professor de Matemática.
Amanhã, sexta, vou ao Pavilhão Académico onde não entro há muitos anos. Há pelo menos dois comícios que me fazem lembrar o Pavilhão Académico da Costa Cabral e ambos foram comícios infelizes que eu bem queria que não tivessem acontecido: um contra o assassinato do Padre Max e da minha ex-aluna Maria de Lurdes e outro contra o assassinato de dirigentes comunistas do Brasil. Em ambos participei activamente, engolindo em seco as palavras que me senti obrigado a escrever e a dizer, porque não há palavras que nos devolvam a vida que nos tiram. Foram manifestações exaltantes de unidade de homens e mulheres de esquerda que se recusam a aceitar crimes, de um modo geral, e muito especialmente aqueles que são praticados contra a liberdade das ideias e a coragem de as defender. Lembro-me de poetas, músicos e cantores. Lembro-me de José Mário Branco que então acompanhei enquanto fazia germinar - O sangue em flor - como hino contra a repressão no Brasil de então. Não tenho saudades do sofrimento. Só tenho saudades de amigos, sendo eles o que quiseram ser depois. Esses comícios lembram-me também Ruy Luis Gomes, Eugénio de Andrade e um professor brasileiro, Bayard Boiteaux (isso ou parecido) que então conheci, porque me lembro da bondade com que aceitaram conviver com um jovem esquerdista, então professor estagiário. E lembro-me de como se envelhece bruscamente.
Espero do comício de hoje outra forma de participar na vida política: a comunhão simples de pessoas livres. Uma verdadeira festa. Que bem merecemos. Eu também mereço a festa que me faz falta, e a eleição de um poeta pode ser a festa que me falta, aquela que eu quis esperar.
Arsélio Martins, professor de Matemática.
em boas palavras, pois
vou votar em palavras, pois.
querendo chamar os matreiros
bois
pelos nomes de financeiros
e pegá-los pelos cornos
ainda que levados em ombros
entre os escombros
se icem como sombras os seus contornos
escolho palavras de 1965 para votar
(...)
Foi a terra que não te quis
ou alguém que roubou as flores de Abril?
(...)
E vem com as tuas mãos com teu lamento.
E vem com a tua dor. Despenteia-
-me assim por dentro
do canto onde tu passas como um vento
que passa e que incendeia.
(...)
Porque tiveste o mar e nada tiveste.
A tua glória foi teu mal.
Não te percas buscando o que perdeste:
Procura Portugal em Portugal.
Foi a terra que não te quis
ou alguém que roubou as flores de Abril?
(...)
E vem com as tuas mãos com teu lamento.
E vem com a tua dor. Despenteia-
-me assim por dentro
do canto onde tu passas como um vento
que passa e que incendeia.
(...)
Porque tiveste o mar e nada tiveste.
A tua glória foi teu mal.
Não te percas buscando o que perdeste:
Procura Portugal em Portugal.
o que eu quero dizer...
...é que riscos da esferográfica ou similar aparecem a negro sobre fundo branco, as sombras da dobra aparecem a sépia e, se eu bem me lembro da experiência, era azul a cor dos riscos sobre o papel.
o mistério da mudança automática de cor
dos desenhos a lápis sobre o branco do papel a máquina faz velhas imagens a sépia;
o mesmo não faz aos riscos com esferográfica ou outra tinta qualquer
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eu bem me disse que estava a ser parvo por pensar que só com os meus dentes chegavam para morder até o futuro e n...