dizem que não há paixões humanas que prestem
e que todos os poemas foram já ditos e escritos
não mais que personagens de um fado bem passado
poetas são ratos de biblioteca a sobreviver
em buracos dos livros que não páram de roer
poetas são os que usam formas novas para cozer
em lume brando o poema mastigado e vomitado
até este ficar queimado pegado colado
e parecer que não tem nada a ver
nada para entender
e pouco ou nada para ler
dizem que já não há líricos tísicos nem sanatórios
e que os poemas são incerta forma para citações
ditadas e reeditadas experiências de laboratório
onde não entram nem saem emoções.
E já nem preciso é sequer manuscrever.
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