1. Nada me perturba mais na vida das cidades e dos cidadãos, do que a falta de encontro entre a decisão de poder humano (politica, empresarial,...) e a vizinhança no que ela tem de humano. O que há de humano nas cidades é cada indivíduo e outro e outro..., antes de ser soma e amálgama e efeito ou fermento na soma. Nem quero saber em pormenor quem tem a culpa no processo de extinção da Filarmonia das Beiras. Sei que ninguém tem desculpa, porque tudo me sabe a metal (deve haver) e não me sobram cheiros humanos, da sorte deste e daquele, da compreensolução para o problema real deste ou daquele. Muda-se a natureza da soma da música para que uma parcela possa ser eliminada; dá lucro, não dá lucro, o maior pagador que é o maior devedor falta com opinião na hora da decisão, etc. O silêncio sobre a situação crítica de cada um dos cidadãos músicos é cada vez mais pesado. Porque começou o falatório em volta dos outros ? dos cidadãos que exerceram ou não o poder de não pensar nos músicos como pessoas individuais e na música, dia após dia após dia após dia.
2. Nada me perturba mais, hoje em dia, que a falta de encontro entre o ensino e a vizinhança no que ela tem de humano. Sou professor de Matemática, agora do ensino básico de jovens à volta dos 13 anos e é perturbador ver que eles procedem comigo como se eu não falasse do que é comum. Se eu lhes der um problema em palavras faladas para resolver, raramente procuram uma real solução (mesmo quando conseguem pensar sobre ele). Não tiram medidas quando é preciso, usam uns símbolos e umas figuras que ilustram a situação sem a representar seriamente, etc. Não sabem o que é um marco num terreno (vértice de um polígono), não olham a fracção da matemática como a da língua ordinária. As palavras da matemática básica são termos constituintes do português básico ? uma ou outra excepção não contrariam a regra. E as respostas que procuramos, usando matemática, são escritas em português básico com o apoio de figuras e operações adequadas, cujos resultados são precisos para argumentar a favor desta ou daquela solução. Difícil é convencê-los que a resolução de um problema básico e a resposta que derem, em português corrente, deve ser compreendida por toda a gente ou quase.
Ninguém passará a número ou a unidade estatística por minhas mãos de professor. Uma escola básica que fale de cada individuo e da sua (e nossa) realidade talvez forme e controle os políticos para que procurem soluções sociais sem deixarem de ter em conta as pessoas autênticas, individuais.
[o aveiro; 28/10/2004]
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