(d)escrevo, logo existe; mas a que sabe?

Nunca sei quando devo ficar de rastos. Preciso de quem me ensine a arte de escolher os dias para ficar de rastos. Ou ando eu sempre de rastos e já nem dou por isso?

E tendo aprendido a desistir do que há de sagrado em mim,

- aquilo a chamo desejo volátil, santidade do corpo em si ou da vida vivida por si mesma no acerto ou concerto com as vidas dos outros -

todos os dias me resigno a ouvir os passos dos que se afastam, sem que me levante para os seguir.

Isto não interessa, eu sei. E apesar de saber que nada interessa, escrevo-o para que passe a existir o sem interesse

- porque afinal o sem interesse é a minha vida - única e irrepetível.

Estas frases afirmam e provam a existência. Não quero provar a unicidade. Provar, provar ... só a existência. E continuar sem saber, sem conhecer ... o sabor.

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