Há uns dias, uma página de um Diário da República de 14 de Outubro chegava-me anexada a uma mensagem que chamava a atenção para um Despacho da Presidência do Conselho de Ministros a nomear uma jovem professora para Vice-Presidente do Instituto do Consumidor. O Despacho descreve funções do Instituto e considera que a nomeada "reúne capacidades pessoais e técnicas, a que associa qualificada formação e experiência, decorrente do desempenho, ao longo da sua carreira, de funções técnicas e de formação, coordenação e organização de recursos, nomeadamente no sector cooperativo, que permitem concluir pelo seu adequado perfil para o exercício do cargo".
O currículo da nomeada, também vem na página do Diário da República, desmente vergonhosamente esse parágrafo. Esclarece que a nomeada foi professora de Filosofia e, na falta de melhor, acrescenta em linhas autónomas que esta elaborou e corrigiu provas (membro da elaboração - escreveu ela!), ou que frequentou acções de formação (na área da educação e conhecimento, escreveu ela!). Não é o que fazem os professores? Como cereja no bolo das suas competências para o cargo, diz-se que foi da direcção da MoviJovem. Tropeça até na escrita do seu currículo - insignificante até para professora!
No dia 4 de Janeiro, em artigo do Público, o mandante da nomeação declara que está bem justificada a nomeação pelo que se pode ler no despacho e a nomeada ainda joga ao ataque, achando que foi bem nomeada e que se fosse a levar em conta os currículos ela não teria oportunidade de mostrar o que vale. E que bem que ela mostra o que vale! Já várias vezes falei das duas faces das nomeações destes governos. Criminoso é quem nomeia sem critérios de competência - prejudicando e desacreditando a administração pública. De baixo estofo é quem aceita sabendo que não tem condições para o exercício e que não pode merecer qualquer respeito de subordinados e parceiros.
Este caso não é o único, é só mais um caso público que diz tudo sobre este governo. E sobre outros governos que assim procederam. E diz tudo sobre a nomeada que vai ter no seu currículo uma passagem como Vice-Presidente do Instituto do Consumidor para não parar de subir na vida fácil. O mesmo aconteceu com Ministros, Secretários de Estado, etc.
São formas de vida. Vende-se de tudo: corpo, alma, honra, dignidade. Sem pingo ... de vergonha.
[o aveiro; 6/1/2005]
Sem comentários:
Enviar um comentário