Chuva na eira e no nabal

No meio de uma grande seca, estamos a mudar de governo. A coisa boa da coisa é não estarmos presos de milhares de boatos sobre pequena política e pequenos políticos. Sócrates tem-nos livrado do diz que disse. Só por nos ter livrado da visão daquele beija mão eterno e maluco da tomada de posse lhe estou grato.
No mesmo dia em que Sócrates tomou posse do cargo de Primeiro Ministro, Santana recuperou a posse do cargo de Presidente da Câmara de Lisboa. O mais fantástico é que para este regresso à Câmara, Santana Lopes conseguiu manter uma discrição de fazer inveja. Dias inteiros sem badalar a sua viagem de volta à Câmara! Deus meu, o mundo está virado do avesso.
Não lamento a falta de notícias diárias sobre o que vai ser a política de educação do governo. É interessante esperar por notícias certas e decisões que se possam discutir. E, quando for tempo disso, concordar e discordar, discutir ou até lutar contra. Até lá, podemos divulgar quais são as nossas opiniões para que elas possam ser contrastadas com as decisões do governo quando elas forem públicas.
Pelo meu lado, depois de ter levantado muitas dúvidas sobre o interesse de decisões apressadas tomadas por David Justino sobre as reformas propostas pelos governos de António Guterres fico agora dividido a respeito do que se pode fazer perante os remendos de leis de David Justino que ainda mal entraram em vigor. Não estou a ver forma de evitar imediatas alterações a parte do quadro legal. Nem estou a ver muitas possibilidades de manter nos cargos alguns nomeados da coligação PSD/PP para funções nas direcções-gerais e regionais, ou sequer manter os cargos que já nem fazem parte da orgânica do Ministério. E o mais natural é que Aveiro venha a perder o seu lugar de capital do estado da educação que tanto prestígio trouxe para alguns e tão disparatada coisa foi para outros, sendo certo que foi nada.
O que mais me preocupa no imediato? Coisa pouca. A alteração no ensino secundário de adultos está no início do processo e mais nos valera que se parasse com a mudança em curso. Será possível? Pode remediar-se?
Será que o novo governo pode reparar no desacerto existente entre os programas escritos para a revisão curricular e as decisões políticas de David Justino? Será que pode reparar o desacerto?
Que espero eu? Chuva na eira e no nabal.


[o aveiro;17/03/2005]

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