desnorte e vergonha

1. Há quem jure a pés juntos que não há lugar algum que dê pelo nome de Agras do Norte. Há quem diga que o lugar existe, mas ir até lá é como ir ao outro lado do mundo, passando por baixo da linha ou procurando seguir os caminhos mais estreitos ao longo das linhas de ferro. Há mesmo quem pense que o melhor é não ir lá e que olhar por cima e para nascente dos últimos palheiros e outras ruínas ao fundo do Canal de S. Roque é o bastante para captar o espírito do lugar.
Agras do Norte é nome de lugar da autarquia com terrenos para construção, todos sem serventia de rua ou caminho. Quando se trata de adiar uma autorização do projecto de que já se lançou a primeira pedra, aparece Agras do Norte desvelado da sua bruma e pleno de sortilégio.
Finalmente Agras do Norte aparece ligada por uma magnífica parcela de uma montanha russa. Se tivessem esperado pela inauguração da Feira de Março e o seu parque de diversões fosse ali montado nos terrenos em volta daquela magnífica rotunda de Esgueira, Agras do Norte sairia definitivamente do seu isolamento para se apresentar como o lugar das experiências de radicais rodoviadutas sobre as ferrovias renovadas, embora pouco.
As televisões anteciparam a inauguração da montanha russa de Agras do Norte e não a deixaram diluir na Feira de Março. O Presidente da Câmara deu a cara para, assumindo metade do erro, logo o desvalorizar. Não há desculpa possível para os departamentos técnicos e de fiscalização da Refer e da Câmara que planearam e permitiram até ao fim a construção da coisa para que fosse vista em todo o seu esplendor.

2. Eu ando sempre atrasado e cheio de remorsos por tantos atrasos. À medida que me vou atrasando em alguns compromissos e muitos deles com prazos marcados por mim para mim, vou perdendo o pio e cada vez se torna mais difícil criticar os que se atrasam. A nossa Câmara acusou a CCDRC de atrasar o Plano de Urbanização da cidade por esta comissão ainda não ter emitido o parecer que já devia ter saído há 10 meses. Ficamos por aqui a achar muito bem que a Câmara critique os atrasos. Vale a pena perguntar se a Câmara sabe quantos dos seus despachos, assinaturas, pagamentos, ... estão com mais de 10 meses de atraso.

3. Se perdemos o norte, perdemos a vergonha.



[o aveiro; 3/3/2005]

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