Rios que correm

Aqui onde me lêem, a vida corre como um rio.
Aos vinte e quatro dias do mês de Maio, a Escola Secundária Mário Sacramento lembra o seu patrono. Eu fui visitá-la para falar de um aspecto da batalha mundial pelos direitos humanos - o trabalho da Amnistia Internacional. A educação para os direitos humanos nunca foi tão necessária e tão urgente e ela só ganha sentido se constituir em si mesma participação cívica para a juventude de hoje, felizmente tão longe das graves violações de há uns anos atrás, mas preguiçosamente convencida da perenidade das garantias dos direitos democráticos, incapaz de dar pelo perigo se ele tomar conta do caminho.
Ninguém pode imaginar a alegria que é para um professor como eu visitar uma escola que está melhor, limpa e acolhedora... e a fervilhar. Sentindo-me em casa.
Aos vinte e cinco dias do mês de Maio, a Escola Secundária José Estêvão abre-se para um dia especial. Olhamos para ela e sentimos que ela precisa de obras para melhorar. Melhorar as condições para todos os que nela trabalham e estudam e de acolhimento a todos os que a ela acorrem. Todos nos queixamos disto ou daquilo, mas temos de reconhecer que as escolas estão a mudar para melhor e isso só pode acontecer porque elas são habitadas pela humanidade inteira. Comparamos as bibliotecas de ontem e de hoje e salta-nos a tampa para o lado da alegria.
Quem nos dera que os patronos destas escolas de Aveiro fossem anjos da guarda! As vidas e obras de José Estêvão e Mário Sacramento, bem como a dos patronos de outras escolas de Aveiro, devem ser lembradas e estudadas pelos nossos jovens. Procuramos muitas vezes fora de nós o que nós fomos, somos e podemos ser. Porque não uma ou outra pública leitura de trechos de José Estêvão e Mário Sacramento? Na esperança de lhes ouvir a viva voz por nossa interposta voz e promessa de os honrar.
As escolas levantam em ombros as figuras maiores da cidade. Por muitos problemas que as escolas tenham, o maior reconhecimento de um cidadão honrado é o que uma escola lhes pode dar, confirmando que a eles se deve a escola e que eles fizeram escola.
José Estêvão é uma escola. Mário Sacramento é uma escola. Não podíamos dizer melhor.


[o aveiro; 26/05/2005]

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