Estas últimas semanas que por nós passaram a correr deixaram-nos para trás suados de calor e... de medo. O calor propriamente dito apareceu acompanhado pelo terror nos vários países do mundo agora acrescentados dos Reino Unido e Egipto. E pelos incêndios nas florestas (e fora delas) muito por todo o país. E por candidatos à Presidência da República. E por mais um Ministro dos que espera para chegar a Ministro das Finanças para mandar notificar-se a si mesmo sobre a necessidade de apresentar a declaração relativa aos impostos. E por mais um discurso incendiário de Alberto João Jardim.
Muito mau tempo. Muito mau mesmo. Até me custa escrever, mas... ardentemente espero uma nesga de bom tempo que para mim é, só pode ser, tempo fresco e molhado. Para apagar velhos incêndios e evitar novos incêndios, para arrefecer ânimos, para estragar a estação tola da espuma das cervejas e das ondas neste ano doente, para nos devolver a esperança da água doce e fresca.
É por isso que eu não consigo compreender os meteorologistas e locutores da televisão que, apesar dos incêndios e da falta de água para beber, para a agricultura e pecuária e de outros tremendos dramas que o calor dilata, chamam bom tempo a este tempo de calor e mau tempo a qualquer arrefecimento ou ameaça de chuvisco. E quando, como aconteceu hoje, tendo de falar da possibilidade de aguaceiros, falam de possíveis melhorias só lá para quinta feira com ar de quem lamenta a curta interrupção no inferno em que vivemos.
Onde é que vivem estes tipos que falam deste calor doente como sendo bom tempo? Não vivem no mesmo país que eu. Vivem com gosto na tripa de areia e betão que não está a arder, numa foz para onde corre a água das nascentes do país da seca.
Dou comigo a rezar por bom tempo - fresco e molhado em todo o país. Se Deus for grande, e quiser agradar a todos os gregos e troianos, que distribua bençãos agradáveis a todos. Pode deixar cair sol inclemente na eira deste hospital psiquiátrico do bronze, melanomas e afins. E deixar cair a água onde ela é precisa para apagar incêndios, para nos regenerar e repor a água necessária à vida.
Até porque suspeito que nesta terra de bueiros entupidos pelas folhas e pelo bom tempo, muita chuva dá inundação. Deus nos livre e guarde, já que a câmara pode estar entupida até não ver.
[o aveiro; 28/07/2005]
Sem comentários:
Enviar um comentário