levanto-me cedo para varrer uma tela com o pincel
como se tomasse uma vassoura e varresse o chão
maquinalmente
sem querer varrer pó a não ser para o ver sem ver
num voo que sabemos mas não vemos.
levanto-me cedo para tentar perceber o que quero fazer
entre actos ditados por outros e pelas promessas
e fico ali preso o tempo todo da eternidade da manhã
a pensar que já nada há que seja meu a não ser
o gesto maquinal de varrer coisa nenhuma para dentro.
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