1
se eu pudesse passar-me para amanhã
e já não chegasse lá nem eu nem a dor
de existir hoje nem de noite nem o dia
ai francamente! porque não me passaria?
2
tá! não posso passar-me para amanhã
e estou aqui pensando o mesmo ontem
que foi igual ao que é hoje e para onde
olho vendo o tapete que ontem esconde
3
tá bem! sempre confesso que uma boa parte
passa para o dia seguinte com manha e arte
nessa esperança de ver cortado o que quero
como dúvida e não sei fazer a ser sincero!
4
eu queria era voltar a queimar as horas como
quem queima as pestanas assim me diziam
as velhas que justificavam as horas de cordel:
romance meio lido com olhos de pisa-papel
4
e sai daí que o teu tempo acabou dá o livro
a outro a quem não deste o litro que bebeste
como se fosse verdade que o que fazes e dizes
te elege presidente do portugal dos infelizes.
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