hoje,
de longe
chegam cartas curiosas:
alguém pergunta se eu adormeci dentro da casca
ou se me escondi zangado.
[ninguém me escreve, confesso.]
e eu, como sempre sem saber o que responder,
viro-me para o lado contrário de mim
e adormeço de novo sem querer lembrar as tempestades
que inventei quando desafiava instante a instante
uma felicidade que nem era minha
para ser de ninguém
para não ser
e secar a pontada desta dor de não saber
se algum dia
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