Todos sabemos que os estatutos das carreiras dos profissionais da administração pública foram aprovados pelos partidos socialista e social democrata. Não houve outros responsáveis. O estatuto da carreira docente de que se fala muito nos dias de hoje é um desses estatutos encavacados, pré-socráticos ou mesmo socráticos. E, como é óbvio, o estatuto definiu escalões ou patamares e formas de progressão ou de passagem de um para outro escalão e isso não foi mais que definir a avaliação dos professores.
Ninguém consegue aceitar ou sequer perceber as faltas de memória destes eternos governantes (alguns deles nunca foram outra coisa senão deputados e governantes por turnos). Não é possível que se tenham esquecido do que andaram a fazer com a avaliação de professores e outros funcionários, contribuindo ao nível da minúcia do abandalhamento do sistema. De cada professor pode ser dito que tentou passar de um escalão para outro com o mínimo esforço e talvez para ajudar a que o mesmo acontecesse aos seus amigos e colegas. Não acreditando na desmemória dos políticos, o que eles nos dizem hoje é que transformaram em sistema o que não devia ter passado de tentativa falhada deste ou daquele professor menos honesto. Podemos saber que todas as instâncias da administração procederam no sentido de deixar passar a uma progressiva fraude toda a avaliação até porque estes governantes encharcaram a administração pública, em particular, a administração da educação, com criaturas que nada tinham a ver com a coisa pública bem educada. Alguns secretários de estado, directores gerais, directores de serviços, ... destas andanças dos partidos no governo apresentaram-se como gestores da educação que nunca tiveram. Se a tivessem, nunca teriam aceitado a máxima humilhação de aceitarem cargos, como quem aceita pagamento excessivo para ser burro de carga... perigosa e leve.
Os governantes dizem-nos que a avaliação dos professores (aquela que eles decidiram ontem) não existe hoje e que é preciso fazer outra para amanhã. Eles dizem-nos tudo sobre o que eles foram, e, não havendo confissão nem propósito firme de emenda, estão no mesmo passo a dizer-nos quem são e quem serão enquanto puderem engolir.
A greve é uma porta estreita, uma excepção. Nela entramos de lado, olhando de soslaio todos os que se governam tanto quanto nos diz a memória que nos resta.
[o aveiro; 19/10/2006]
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