fiama

nunca aprendi a desenhar embora tenha tentado desenhar
como os meus heróis desenhavam.
nunca me passou pela cabeça culpar durher, leonardo, picasso ou dali
por não os ter imitado bem nos desenhos das cabeças
da santa, do homem e do touro.

nunca aprendi o poema que ainda me falta escrever embora tenha copiado laboriosamente os poetas porque pensava que além de os ouvir ao ler precisava de conviver com eles, precisava de os acariciar,
de te acariciar.

sei desde então e até agora na hora da tua morte que não é culpa tua
eu não ter conseguido ou ter esquecido as duas linhas que eu sei que já li no ar lavado e ainda brincam às escondidas

porque eu não sei se as palavras estão perdidas ou ainda esperam som a som ou letra a letra a fala da minha mão.

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