a cor do agosto

O acordo de governo de Lisboa celebrado entre Sá Fernandes e António Costa (ou entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista) é um acontecimento novo na política portuguesa. Não há nada de novo do ponto de vista do reagrupamento de forças à esquerda ou à direita já que houve antes concertos de esquerda para o governo de Lisboa e a vereação da câmara foi composta por vereadores de vários partidos. Surpresa perante o facto do independente Sá Fernandes ser vereador com pelouro sob a liderança do PS? Nah...

Novo é o texto do acordo tornado público: tão simples que não permite várias leituras, tão claro que faz saltar interesses instalados à esquerda e à direita. O problema para os críticos não pode ser encontrado na circunstância de Lisboa, já que o acordo fala de medidas elementares, de denúncia fácil se não forem executadas. O quê para o saneamento financeiro e o quê sobre quais empresas municipais, estão a ver? Sobre os transportes, assume-se a defesa do transporte público em detrimento do privado e uma simples medida de reserva de canal para extensão de uma linha de eléctrico, estão a ver? É claro que há assuntos que dependem de negociações com o governo ou ferem interesses que vão resistir por todos os meios. Os construtores civis portugueses não vão aceitar ser tão civilizados como os que operam em Barcelona, Madrid ou Nova Iorque e já começam a faíscar os dentes de ouro dos patos bravos contra a obrigação da quota de 25% para habitação a custos controlados tanto em novos projectos como em operaçoes de reabilitação, como contra a escolha da reabilitação do edificado em detrimento das novas construções. Estão a ver?
No que respeita ao pelouro do ambiente e espaços verdes, assumido por Sá Fernandes, não houve invenção alguma e promete-se que o velho Plano Verde de Ribeiro Teles vai ser vertido para o PDM, como molde vinculativo de futuro, enquanto são referidas, uma por uma, as acções a concretizar até ao final do mandato. Estão a ver?

Eu estou no acordo. Para ver fazer a parte de cada parte. E porque o que António Costa aceitou assinar, faz dele um político de respeito. Há muita gente à espera que falhe. Eu só quero que dê certo. Lisboa é gente e merece que um acordo assim seja respeitado em acções. Por todos. E que todos ganhem na medida do que forem e fizerem.

Por lá e ... por cá, também. Que cada um receba em dobro o bem que faz e dobrado castigo para o mal de que é capaz.


[o aveiro; 9/8/2007]

2 comentários:

Nelson Peralta disse...

Parece que escrevemos sobre o mesmo tema... embora pareça que não tenhamos escrito o mesmo :)

adealmeida disse...

pois.
do meu lado esquerdo, não vejo qualquer problema.
só vejo vantagens em haver diversas maneiras de ver no lado esquerdo.
mas há muitos que dizendo isto escondem o seu impulso para o único ponto de vista, o do grande líder...

as caras mais a cara do burro feliz