Como estudante e como professor, participei e assisti a muitos confrontos. Não estou a falar só de confrontos políticos que opõem jovens e professores a governos e às autoridades. Assisti a confrontos entre jovens, entre professores, e os que opõem jovens aos seus professores ou que opõem professores aos seus alunos no contexto da escola e da sala de aula. Em todos os ambientes de trabalho (ou de estudo, claro), haja ou não exercício de autoridade de umas pessoas sobre outras, há confrontos e conflitos. Não há professor e não há aluno que não tenha vivido alguma situação de conflito e não tenha sido marcado por boas e más resoluções de conflitos. Naturais são os conflitos na escola, e também o são nas famílias. E, no que toca às relações humanas, todos sabemos que faltam as receitas para os resolver. Uma parte da experiência docente vive dos conflitos que educam.
A profissão docente integra conflitos e resoluções, a um certo nível. Muitos conflitos são educativos para todas as partes e constituem-se imprescindíveis patamares de amadurecimento, de crescimento saudável e de conhecimento de si mesmo na relação com os outros. Um conflito na escola é um problema que pede e espera resolução.
O problema que não tem solução à vista é a ausência de conflito onde parece haver uma agitação parecida com uma guerra sem sentido, travada por crianças e jovens que se movimentam descoordenados, agredindo-se e insultando-se de forma gratuita, traindo regras minuto a minuto como personagens amorais de um video-jogo em que só o movimento doentio conta. Muitos deles esgotam-se num delírio qualquer como se prolongassem uma insónia indisciplinada por uma consola de jogo electrónico montado por outros disciplinadíssimos jovens que, em algum lugar do mundo, se concentram em gestos precisos de que depende a ração diária de arroz.
Não haverá um problema de saúde pública nestas infantis atitudes de desprezo pelas regras que vai até ao desconhecimento dos outros? Parece-me fácil explicar que há. A cura está na escola? Só quando o despertador infantil se afogar em dramas é que vamos discutir a demolição de cada dia? Que nos diz o espelho?
[o aviero; 25/01/2008]
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eu bem me disse que estava a ser parvo por pensar que só com os meus dentes chegavam para morder até o futuro e n...
1 comentário:
Parabéns!
Respondeu o espelho, por concordar totalmente.
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