Esta é a semana em que entramos sorrateiros na nossa escola dos outros.
Trabalhamos por ali todos os dias da nossa vida, mas conhecemos uma pequena parte da escola. Vivemos uma atrapalhação, no dia a dia, cheia de pequenas coisas que não funcionam a pedir-nos irritações e grandes exaltações em vitórias sobre pequenas coisas ou em alegrias partilhadas pelos olhares de quem se junta com vontade de ensinar ou aprender a tentar resolver problemas comuns. Trabalhamos ali todos os dias, mas raramente damos pelo que cada parte faz.
Até que alguém aparece a mostrar aos outros o que fazemos da nossa vida. E é na escola dos outros, que não conhecíamos e estava ali à mão de semear, que encontramos a razão para acertarmos o passo com a nossa vida que vale a pena. Corremos atrás da experiência dos outros, das pinturas dos outros, dos poemas e dos contos dos outros, dos prémios que os estudantes ganharam e merecem, ... da vida escolar a mostrar-se em todo o esplendor. Há quem diga que tudo isso pode ser nada, que é alguma coisa podendo ser outra muito melhor, que isso não compensa os dias de desamor e desencontro que a escola pode ser e é. Mas, para mim, estes dias valem tudo o que podemos valer e nós só mostramos o que de mais luminoso temos para mostrar. Muitas outras coisas que valem a pena não cabem nestes dias de luz, isso sei eu, contra mim falo, que tenho grande experiência no jogo das escondidas escolares.
Uma parte do que vemos em volta do dia da Escola José Estêvão tem a ver com comemorações dos 20 anos passados sobre o Maio de 68. Mas tem a ver com exposições dos alunos de artes e com apresentações públicas dos produtos da Área de Projecto de alunos do ensino básico e do ensino secundário. Há alguma coisa de prodigioso em cada um dos pequenos acontecimentos que aparecem ao virar de cada esquina. Nós que, dia após dia de labor, vasculhamos para determinar avanços ao nível dos conhecimentos adquiridos e demonstrados em provas e afins, espantamo-nos agora perante a escola das competências em acção, essa escola que é um salto, uma soma de pequenas invisibilidades a recortar-se em detalhes destes dias de luz. E transbordam em animação.
Esta animação, que acontece em cada escola, é o ânimo de que cada escola precisa para se continuar, para se confirmar como uma parte criativa e activa da comunidade. Engenho e arte, afinal.
[o aveiro; 22/05/2008]
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