ao arrepio

Ontem e amanhã não são dias meus

Hoje é que vejo as gaivotas voando desesperadas
Entre cruzes erguidas como pára-raios recortados nos céus da janela

Hoje é o meu dia, o dia em que as nuvens chocam
Hoje é dia em que o escuro como breu cai com estrondo
Entre as farpas finíssimas da chuva que voa

Ontem e amanhã não são dias meus:
Não me lembro de ontem e amanhã nem sei quem é.
Hoje é o dia que me fala de ontem e me lembra amanhã
Ontem foi para esquecer e hoje é para me lembrar já nem me lembro bem de quê.

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