O Ministério da Educação encomendou um estudo internacional sobre os resultados das medidas de política de valorização do primeiro ciclo do ensino básico. O estudo foi encomendado a uma equipa de 5 especialistas (do Reino Unido que dirigiu, da Irlanda, da Holanda, da Hungria e de Portugal). Trata das medidas tomadas desde 2005 até 2008, que vão desde a reorganização escolar, à avaliação e à formação contínua dos professores do 1º ciclo.
Um prefácio da Chefe da Divisão das Políticas de Educação e Formação da OCDE aparece, aos olhos do público, como um acordo geral dessa organização com as políticas postas em acção. Normalmente, este estudo não levantaria qualquer problema e não passaria pela cabeça a ninguém levantar problemas à credibilidade do prefaciador e dos peritos envolvidos. Mas, no clima que se vive actualmente na educação portuguesa, a primeira reacção dos professores e educadores é questionar a validade da avaliação e das conclusões do estudo. E parte da comunicação social acrescenta desconfiança à desconfiança instalada, pressionando professores e outros responsáveis a fazer considerações sobre um texto que ainda não puderam ler. As declarações são muitas vezes feitas sobre as citações dos jornalistas que, apesar de serem o contexto das intervenções, desaparecem das notícias.
Na comunicação social generalista sobra um conjunto de ideias vagas que criam o clima encomendado e que vende. Raramente, estas notícias podem ser refeitas ou retomadas em reflexões publicadas pelos mesmos órgãos e que, por seu intermédio, integrem uma opinião de massas informadas. A encomendas de estudo pelo governo respondem encomendas dos interesses instalados noutro lugar de poder que visam contrariar o optimismo dos estudos do governo.
Nestas condições só nos resta apelar à leitura (crítica, claro) do relatório pelo público. E deixar claro que é natural um relatório desta natureza falar de aspectos positivos. Que diabo! bastará lembrarmos o que todos conhecemos e que sempre constaram das reclamações de professores e pais sobre o estado das instalações e equipamentos escolares, fracos e inexistentes sistemas de apoio e formação ou as condições de trabalho e estudo dos professores, crianças e jovens. O interesse do governo e as realizações não podem piorar o pior. Há muitas melhorias que devem ser saudadas com optimismo.
Não deixemos de criticar o aproveitamento político que pode resvalar para danças de melhores resultados escolares ou de proficiência de professores, que não podemos considerar estáveis e consequência desta ou aquela medida que pode mesmo ter sido vítima de realizações locais medíocres. Nem deixemos de ler o relatório que precisamos de ler, mesmo que seja para criticar e para... exigir mais.
[o aveiro;30/01/2009]
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