onde?

vais buscar-me onde?
nos últimos dias ninguém parou para olhar quem era aquele que passava e foi por isso que me esqueci de parar e saltei todos os muros até me perder no labirinto sem ter o cuidado de deixar rasto nem ter rasgado a mão direita contra a sebe.
se tentar voltar atrás não posso saber onde vou ter e se continuar em frente não sei se ando às voltas simplesmente porque nada há de diferente para quem não viu nem vê como são as paredes vegetais.
vais procurar-me onde?
não há sinais. sinto um cheiro a antigo corrimão metálico mas não sei se o cheiro é meu ou anda sempre comigo como se eu fosse o corrimão que me apoiou na queda. ou na subida? como posso eu saber onde procurar-me? não sei onde te perdi ou sequer quem és e tu não sabes onde me perdeste.
é por isso que eu não posso encontrar-te e tu não podes procurar-me. não sabes se eu espero ser encontrado e eu não sei que é feito de ti.
cada um tomou o seu lugar em sua ilha do labirinto. ouvi perguntar quantas ilhas tem este labirinto? e eu não soube responder nem a quem. de quem foi a pergunta?
vais encontrar-me onde?
já me disseram que duas pessoas que se procurem estão a afastar-se irremediavelmente. por puro acaso.

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verdura

de Arsélio Martins, mesmo quando não parece .