convocatória

foste convocada e agora não sabes o que hás-de fazer.
ainda me lembro de te dizeres ansiosa pela guia de marcha e por isso sempre pensei que quando recebesses a convocatória ficarias contente ou mesmo eufórica a preparar uma mala de viagem para uma guerra que nem era a tua mas que tinhas tomado como sendo a tua guerra ou pelo menos a guerra a travar.
e agora vens dizer que não sabes o que hás-de fazer que já não sabes se queres ir para lá.
não foste tu que pediste?
e queres que eu acredite agora que não te queres ir embora porque não queres deixar-me para aqui sozinho.
a mim que nunca quis travar guerras. nem acelerá-las confesso.
a mim que não sinto nada é que dizes isso?
tu sabes bem que eu não posso defender-me por não saber falar.
e é a mim que dizes essas coisas?
tu sabes bem que escrever as coisas que quero dizer-te dura mais tempo que aquele que dura a dizê-las como tu o fazes sem me dar tempo para ouvir sequer as palavras que separas para me bater.

sabes que mais?
só quero que vás depressa para qualquer guerra que precise mais de ti do que eu para ser travada.
eu sempre estive quieto e isso é mais que estar travado.

agora também te calas?
ora adeus. não te esqueças de levar a convocatória.

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