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Somos nós. A arrogância da fala como a lâmina que nos faltava para rasgar um véu, um nevoeiro, uma manta de chuva de verão sobre os olhos cansados. Somos nós, um dedo no ar para nos dar lugar a fazer uma pergunta por fazer, a pergunta nunca feita. Somos nós o dedo no ar que ninguém vê porque nós falamos dele para sermos ouvidos, para declarar que há sempre uma pergunta a que ninguém responde e há sempre uma pergunta por fazer. Não sabemos pronunciar essa pergunta. E é só por isso que não sabemos as palavras da resposta.
Somos também nós os que se calam.
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