dos impostos

quando alguém fala de aumentar os impostos a pagar pela banca, os banqueiros argumentam que isso não pode ser feito.
até porque diminui várias coisas a começar pela competitividade entre eles no mercado mundial.
só que não há competitividade de jeito se os estados garantirem os depósitos nos bancos e até mesmo, por essa insuspeitada via, transformarem a sua actividade arriscada em nada de arriscado.
sem necessitarem de cobrir os seus riscos, os bancos estão transformados em cobradores de lucros, permitindo que, mesmo em situações de crise e bancarrota, se distribuam prémios entre os gestores jogadores e apostadores activos na criação de crise e ruína.
que também não podem ser tributados para não amolecer a actividade frenética dos magnifícos criadores de crises financeiras ou a competitividade entre eles.

mas, para a sociedade reganhar credibilidade financeira, os banqueiros clamam agora pelo aumentos dos impostos sobre os outros, sinal necessário para o acesso ao crédito internacional a juros convenientes ao capital financeiro (inter)nacional.
dito de outro modo, podemos baixar a competitividade de quem trabalha (de quem produz capital por incorporação de factores de produção ou de trabalho) desde que mantenhamos a credibilidade e a competitividade de quem cria o dinheiro virtual, capital especulativo - esse que não incorpora qualquer valor ou trabalho produtivo.
dizem que não é bem assim que as coisas se passam e, que para haver jogo, temos de considerar altamente útil e produtivo o trabalho não tanto dos jogadores, mas da banca, desses que jogam com o dinheiro dos outros.
mesmo quando corre mal o jogo do capital virtual, o estado cobre as apostas com o dinheiro real da sociedade, com impostos dos que trabalham.
as crises financeiras ensinam-nos que a parte do capital com trabalho produtivo incorporado está longe de ser igual ao todo que a imaginação gananciosa dos banqueiros e jogadores acrescenta ou cria e, ao mesmo tempo, retira do jogo dos impostos de cada país.

a vida real tornou-se um jogo arriscado e perigoso para os que não usam máscara e têm rosto e suor.
triste e amargurado é o fado de quem trabalha. graça tinha o fado canalha no tempo em que o fadista lia as letras do artista. só que agora há a grande canalhice e há fados tristes para quem vê vencer letras ao balcão da pulhice. e fados há, em que os grandes canalhas, sobre a denúncia podem cantam que é calhandrice.

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