fala-me de preciosas pedras de cristais de sal nas lágrimas da alegria
de um dos meus dias que seja recordação de alguma noite tua
uma luz devastada
e crua
se pudesses ver e ouvir
se pudesses falar
ou desenhar ao menos um gesto no ar
e eu sentisse que na tua memória
de olhos fechados
um dedo teu realmente
me reconhecera
como quando a tua noite
era o meu dia
sou velho demais para perguntar
esquecido de tudo lembro-me da tua voz
e de ouvir-te falar de pedras preciosas ou de cristais de sal em lágrimas de alegria
e um ou outro detalhe uma porta de ferro uma grande chave ferrugenta um livro escrito em braille a mão que tacteia a fala por golfadas de urgência
de memória
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