diário

um dia destes, mais tarde ou mais cedo(?),
arrumo os meus papéis

[que os há aos montes em volta do computador
o nada da promessa  de ser
sendo em vez dos papéis]

e vou dactilografar um livro de poemas resignados
bastantes para acender uma fogueira
e aquecer as mãos no inferno

até que estas fiquem prontas como garras
capazes dos versos mais ferozes

gravados em lâminas de facas voadoras
prontas a abrir livros antigos que ficaram por ler

e, bem afiadas pelo uso, prontas a degolar
o temporal que  falta
da montureira do tempo já visitado

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