o tempo da decisão

Há muito tempo que não uso relógio
de bolso e de pulso também não
mas vou coleccionando relógios baratos
máquinas  elementares tão perecíveis
quanto o são as pilhas de origem.

Ao lado da cama, relógios parados
e marcando horas diferentes
tornam-se montras estáticas

das horas em que fui abandonado
por cada uma das pilhas.

O tempo que passou
nunca foi para aqui chamado.

Só sei que por escrever a palavra tempo
repetidamente
me vai aparecer um anúncio
de .
ou outro conforme instruções à máquina.

Algum algoritmo e não o acaso 
nem o fado dita a escolha.

Acaso  o que escrevo será fado. 


1 comentário:

Andre Esteves disse...

Aplaudo de pé!!!

Um poema/happening que sem este meio seria impossível!!!

Digno de Godel, Escher e Bach!!!

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