a vida
Ele levanta-se sempre muito cedo. Ainda antes de mergulhar a sua sede ma manteiga derretida do pequeno almoço, levanta os olhos para o tecto e suspira. Ali, mesmo ao lado, do outro lado de um tabique, o seu vizinho também se levanta e, ainda antes de começar a tossir e a assobiar para que toda a casa (a dele e a dos outros) fique acordada e enojada, ele tem tempo para se espreguiçar e tentar um enorme bocejo. Saem simultaneamente das suas casas como se tivessem combinado. Para uma varanda colectiva, onde trocarão de papéis: ele boceja e o seu vizinho suspira. Estão agora prontos para ir até á fábrica onde trabalham lado a lado. Nunca trocaram uma palavra que se saiba. Ao fim do dia, regressam a suas casas simultaneamente. É assim todos os dias.
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