ir por dentro deste mundo é envelhecer

espera

as cadeiras cruzam-se nos corredores trocando sorrisos, vénias, cumprimentos respeitosos uns, interessantes outros como passos de dança. as cadeiras entrelaçam-se cada uma rodando em torno de uma perna da outra até que aquela menos robusta se deixa colar à parede onde tudo se dá ou tudo se pede.

a demolição

por aqui, como em casa, nunca abandono as pequenas coisas. não sei abandonar. a maldição de não saber sair de casa onde se amontoa a tralha que a enche como se enche o casinhoto ao canto do campo com as ferramentas e a sua ferrugem nem as ferramentas nem a ferrugem existem enquanto eu continuo a guardar na cabeça cada uma delas e as veja olhando o rasgão aberto, instalado na cabeça que não abandona e eu não abandono a ela antes de ser abandonado por ela

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