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Diz a lenda sobre Lîlavatî

Diz a lenda que Lîlavatî era o nome da filha de Bhâskara, a quem, ao nascer, as estrelas, pela boca de um astrólogo, predisseram a condenação (?) de ficar solteira toda a vida.

Um dia Lîlavatî foi pedida em casamento por um jovem de Dravira, honesto, trabalhador e de boa casta. Fixou-se com grande júbilo a data da boda e marcou-se a hora no cilindro que tinha um pequeno orifício na base e estava aberto na sua parte superior. O cilindro introduzia-se num vaso cheio de água e o nível desta, enquanto subia, marcava as horas na sua superfície interior. No dia assinalado para a boda, Bhâskara colocou cuidadosamente o cilindro marcado no vaso cheio de água. Lîlavatî, curiosa, debruçou-se para espreitar a subida do nível de água e nesse momento uma pérola do seu colar caíu dentro sem que alguém desse por isso. Com tal má sorte que a pérola obstruíu o orifício e o dia passou sem que a hora da boda tivesse sido assinalada pelo nível da água. Assim se cumpriu o sortilégio e Lîlavatî ficou solteira para sempre.

Foi então que seu pai se propôs escrever um livro que sobrevivesse à desejada descendência da sua querida filha.




Lîlavatî, de Bhâskara, é o livro que sobreviveu a Lîlavatî.



Esta é a resposta atrasada ao comentário de André Carvalho sobre o problema 55 de Bhâskara que o André Moreira prontamente resolveu, cedendo ao romantismo histórico dos matemáticos.

eu não tenho gato

(...)
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

[António Gedeão]

Para acreditar

Para acreditar em Deus
é preciso que ao menos Um

exista como ente nenhum.

sob a pele

Porque há-de sob a pele o sangue amotinar-se
quando apenas a pele havemos convocado
mas quanto mais a pele a vemos sem disfarce
mais sob a pele apela o sangue amotinado

Quem nos faz de repente esta rampa temer
da cópula de um dia à cúpula do dia
Porque há-de sob o sangue a alma estremecer
se decretámos nós que ela não existia.


David Moura Ferreira

Porquinho da Índia

Já agora que me lembrei de Manuel Bandeira, aqui fica um dos meus preferidos:


Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-Índia.
Que dor de coração eu tinha
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
levava ele pra a sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não se importava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...


- O meu porquinho-da-Índia foi a minha primeira namorada.




Manuel Bandeira.

Morro do Encanto

(...)
Falta a morte chegar... Ela me espia
Neste instante talvez, mal suspeitando
Que eu já morri quando o que eu fui morria.


Petrópolis, 21-12-1953
Manuel Bandeira: Nocturno do Morro do Encanto.

O pecado.

A 29 de Outubro, Tiago Barbosa Ribeiro escreveu Feuerbach revisitado

e eu transcrevo


Não sejamos hipócritas. A mais válida das razões para recusarmos a herança judaico-cristã é também a mais simples: a preguiça é um dos seus pecados mortais.

hoje.

não sei começar como acabar o que não começo?

um dia passou-me pela cabeça uma tolice que se me pegou aos dentes disse estava eu a colar os dentes que não tinha para cortar a tolice e a ...