Uma morte de uma estação, Antónia Pozzi

Messaggio

E tu, stella acta notturna
splendi ancora
se per il solco delle strade
grida la triste anima dei cani.

Sorgeranno colline d'erba magra
a coprirti:
ma nel mio buio conquistato
brillerai, fuoco bianco,
parlando ai vivi della mia morte.

(prefácio de José Carlos Soares, sel, e trad, de Inês Dias)

caminhos do deserto

mais um ataque de tosse e acordei
para um duche de manhã solarenga
antes de vestir um fato cinzento
domesticado para passar por um funeral

mais um ataque de tosse e levantei-me da cadeira
para sair a caminho da igreja onde as pessoas velam
uma ausência

ataquei o cachimbo com gestos precisos
para seguir a caminho da biblioteca mais perto

e desistir da igreja onde não faço falta à ausente
nem a mim enquanto penso num sonho interrompido
pela memória de quem é já vento e viagem de fumo

desfeita por um novo ataque de tosse que bate à porta
de capa dura do livro  dos mortos em vigília

Os doentes...

... esperam na sala de espera antes de serem examinados e internados. Raros são os doentes mentais a quem se recomenda como terapia algum tempo num governo.

mumumummmmmm

eu sei que mostras olhos de boi manso

mas quem atenta no pescoço dobrado para a frente
enquanto velas ameaças
sabe de que maldade és feito animal

Assombração


Ontem compareci à chamada, na Associação Comercial de Aveiro,  para mais uma sessão plenária (plena de gente daqui) sobre o canal central e a ponte pedonal, promovida pelo Diário de Aveiro. Antes de lá chegar, sempre fui tirando fotografias ao canal para memória futura ou para me lembrar o que eu gosto de ver (pela alvorada, durante o dia, à noitinha ou alta noite de murmúrios). De pés no chão e olhos na água, caminho  pelas margens muitas vezes - canal de s. roque, canal das pirâmides, canal central, ...  Vejo as casas refletidas nas águas e chego a querer morar em casas ao espelho. Gosto de pontes, claro. Uma ou outra para me deixar levar de uma margem à outra. Mas gosto principalmente da vista da água e de quem por  lá anda. E gosto da água do canal central,  onde se espelham barcos, casas, árvores, ...  e o céu que as cobre. Há troços de água sombria, pontes entre résteas de céu escondidas na sombra das pontes. Ainda há céus sobre as águas: fonte nova e abençoado canal central que me mostra a água do céu mergulhado num espelho sem sombra.
Uma ponte ali? Só como assombração!

depois vieram tambêm cá