Copio laboriosamente versos

Ainda não tem nome
mas há-de vir
decerto, o nome

atrás da fome
do que não está
por perto. E há-de ser aflita

a rosa nas traseiras,
um chão de vespas dentro
e uma noite inteira.



Copio laboriosamente versos de poetas. Os poetas dão-me o maior consolo. Provavelmente não há outro consolo ou a nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer (mais ou menos assim escreveu Stig Dagerman. Um dia destes vou citá-lo ou transcrevê-lo - porque ele é tão desconhecido como os poetas que eu conheço). NOs poemas procuro um verso. Por vezes, leio centenas de páginas até que uma palavra vulgar me emociona... por estar ali: uma pérola no colo da mulher mais bela (sendo que a mais bela é a que amamos, quem sabe como amamos o verso e a pérola quando a vimos como um instante que nos toca nem sabemos porquê e o porquê não nos interessa).

Na escrivaninha lá está, de José Carlos Soares, o Chão de Vespas, pronto para ser lido: em busca do nome que há-de vir e ser a rosa nas traseiras, um chão de vespas dentro e uma noite inteira.

Sem comentários:

somos, fomos, somos, seremos