Não posso mexer-me muito. Doem-me as costas. Por ter passado alguns dias sentado a ouvir, olhar e escrever muitas muitas horas por dia. Para além das horas que passei sentado de carro entre a casa e a capital do império dos sentados que discutiam a década das nações unidas da educação para o desenvolvimento sustentável.
Espero que a década possa ser vivida em caminhadas ao ar mais ou menos livre. E eu possa caminhar ao lado como se os visse de uma outra dobra no mesmo tempo, lentamente caminhando entre os sessenta e os setenta.
Por uma maioria de razão
Estamos em tempo de eleições. Diz-se um pouco de tudo.
O retrato do negócio do poder é feito pelas afirmações e acusações trocadas entre o PS e o PSD, sobre o modo como cada um deles serve as suas clientelas quando está no governo. Cada um deles espera que os seus simpatizantes pensem que é mentira o que deles dizem ou que achem muito bem na esperança de ver chegar a sua vez. Sobre o outro no poder, sabemos que cada um fala verdade em grande medida. Há qualquer coisa de paradoxal nestas acusações mútuas.
Há quem diga que o actual modelo partidário está esgotado. Mas sabemos que o modelo não está esgotado para os fins das clientelas. A defesa acérrima das maiorias absolutas para os partidos que venham a formar governo é disso o sinal mais óbvio. A seriedade de um partido mede-se pela capacidade de se colocar como parceiro em plataformas negociais sobre processos sociais que as decisões políticas podem melhorar. Um programa de governo que juntasse diferentes forças políticas seria uma nova dimensão e teria extraordinária força, acima dos interesses partidários, pela defesa da sociedade e da protecção e melhoria das condições de vida do povo todo, no seu presente e no seu futuro.
Exigir a maioria absoluta para um partido é a prova de que se quer governar sem contestação, logo para fins menores ou para interesses que não são os da sociedade inteira. Na sociedade portuguesa, as maiorias absolutas significaram sempre o desvio grosseiro para o abuso do poder, para interesses ilegítimos de clientelas partidárias e para a corrupção. Claro que há os que dizem que nada disto é com eles e até fazem reuniões sobre a sua verticalidade nesta questão das clientelas, como se cada um de nós não reconhecesse o imoral das suas nomeações locais.
Um outro aspecto prende-se com palavras como competitividade e produtividade, etc. E falam-nos dos exemplos de países como a Finlândia, dando a entender que lá se pratica a receita que eles nos querem aplicar. Mas não é nada do que eles defendem que lá vinga. Por lá há pouca corrupção, impostos muito elevados, estado com muito peso na segurança e assistência social, e os bens sociais como a saúde, as pensões, a educação e ensino ou o fomento científico são todos produzidos por serviços públicos.
A receita não é a maioria absoluta para a libertinagem dos liberais. Nós precisamos de uma maioria da razão.
[o aveiro; 27/01/2005]
O retrato do negócio do poder é feito pelas afirmações e acusações trocadas entre o PS e o PSD, sobre o modo como cada um deles serve as suas clientelas quando está no governo. Cada um deles espera que os seus simpatizantes pensem que é mentira o que deles dizem ou que achem muito bem na esperança de ver chegar a sua vez. Sobre o outro no poder, sabemos que cada um fala verdade em grande medida. Há qualquer coisa de paradoxal nestas acusações mútuas.
Há quem diga que o actual modelo partidário está esgotado. Mas sabemos que o modelo não está esgotado para os fins das clientelas. A defesa acérrima das maiorias absolutas para os partidos que venham a formar governo é disso o sinal mais óbvio. A seriedade de um partido mede-se pela capacidade de se colocar como parceiro em plataformas negociais sobre processos sociais que as decisões políticas podem melhorar. Um programa de governo que juntasse diferentes forças políticas seria uma nova dimensão e teria extraordinária força, acima dos interesses partidários, pela defesa da sociedade e da protecção e melhoria das condições de vida do povo todo, no seu presente e no seu futuro.
Exigir a maioria absoluta para um partido é a prova de que se quer governar sem contestação, logo para fins menores ou para interesses que não são os da sociedade inteira. Na sociedade portuguesa, as maiorias absolutas significaram sempre o desvio grosseiro para o abuso do poder, para interesses ilegítimos de clientelas partidárias e para a corrupção. Claro que há os que dizem que nada disto é com eles e até fazem reuniões sobre a sua verticalidade nesta questão das clientelas, como se cada um de nós não reconhecesse o imoral das suas nomeações locais.
Um outro aspecto prende-se com palavras como competitividade e produtividade, etc. E falam-nos dos exemplos de países como a Finlândia, dando a entender que lá se pratica a receita que eles nos querem aplicar. Mas não é nada do que eles defendem que lá vinga. Por lá há pouca corrupção, impostos muito elevados, estado com muito peso na segurança e assistência social, e os bens sociais como a saúde, as pensões, a educação e ensino ou o fomento científico são todos produzidos por serviços públicos.
A receita não é a maioria absoluta para a libertinagem dos liberais. Nós precisamos de uma maioria da razão.
[o aveiro; 27/01/2005]
Olho para o retrato
Olho para o retrato do meu pai e tento ver-me na idade de ser só ninguém
Mas não sei o que foi retocado no retrato nem o que é vinco feito a vapor
Por um ferro de soldar as fissuras abertas e cicatrizadas pelo uso da dor
Das viagens feitas em nome do pai para bem dos filhos e abandono da mãe
Vertigem
Pela sombra da escada sobem
as sombras
Sentado no último degrau
animo o pé da minha sombra
a elevar-se do chão
até ao primeiro degrau
as sombras
Sentado no último degrau
animo o pé da minha sombra
a elevar-se do chão
até ao primeiro degrau
bush
toca com as asas o turbilhão que deseja
o anjo da guarda e lobo do rebanho do mal
por um eixo - do inferno ao céu - vertical
inclina o planeta que oscila e se despeja
o anjo da guarda e lobo do rebanho do mal
por um eixo - do inferno ao céu - vertical
inclina o planeta que oscila e se despeja
A memória minada
1. As asiáticas ondas assassinas deixaram um rasto de morte e destruição, não só por terem provocado directamente a morte de cerca de cento e sessenta mil pessoas, mas também pelas pragas que acompanham a destruição em grande escala. Os efeitos mortais da sede de água potável, da fome, da doença, etc podem ser contrariados com ajuda humanitária. E são.
Uma das pragas simbólicas tinha a ver com campos minados pelas guerrilhas, cujas minas tinham sido localizadas e assinaladas para serem destruídas e, por efeito da calamidade, foram dispersas e ficaram fora de qualquer controle.
Passam os dias e as imagens da tragédia começam a ser substituídas por outras imagens, mesmo que algumas sejam retratos de penteados com franja de nervos de alguns políticos que farejam com o nariz um destino para o país.
É assim que nos habituamos a passear por um mundo minado. Camadas de pó de arroz escondem a falta de arroz para os famintos do mundo. A Organização das Nações Unidas publicou novo relatório sobre a crescente fome no mundo que vem dizer o óbvio: se os governos poderosos tivessem cumprido as promessas a fome não era flagelo. Será que os governos vão cumprir o que prometeram relativamente às vítimas do ?tsunami??
A memória dos povos é também um campo minado.
2. Na semana passada, uma notícia importante ocupou as traseiras da discrição nos jornais e televisões. Finalmente, os Estados Unidos encerraram a busca das armas de destruição no Iraque. O relatório final fecha a questão dizendo que nunca houve armas de destruição maciça do lado do Iraque. Na base de uma mentira, fez-se uma guerra de invasão para transformar o Iraque num imenso campo de treino do terror. E Bush foi reeleito. E devastado que está o Iraque pelas armas, já se discute se é ou não razoável nova guerra, agora contra o Irão.
E os nossos cabos de guerra, Durão Barroso à cabeça, que nos podem dizer sobre a guerra passada? Que guerras anseiam apoiar? Que assassinatos preparam? Pelas armas? Pela fome? Que arma de destruição maciça vão usar? A manipulação da informação na sua génese e formas de propagação é a guerra das guerras transformando a memória dos povos num imenso campo minado.
3. Não esquecer é resistir.
[o aveiro; 20/01/2005]
Uma das pragas simbólicas tinha a ver com campos minados pelas guerrilhas, cujas minas tinham sido localizadas e assinaladas para serem destruídas e, por efeito da calamidade, foram dispersas e ficaram fora de qualquer controle.
Passam os dias e as imagens da tragédia começam a ser substituídas por outras imagens, mesmo que algumas sejam retratos de penteados com franja de nervos de alguns políticos que farejam com o nariz um destino para o país.
É assim que nos habituamos a passear por um mundo minado. Camadas de pó de arroz escondem a falta de arroz para os famintos do mundo. A Organização das Nações Unidas publicou novo relatório sobre a crescente fome no mundo que vem dizer o óbvio: se os governos poderosos tivessem cumprido as promessas a fome não era flagelo. Será que os governos vão cumprir o que prometeram relativamente às vítimas do ?tsunami??
A memória dos povos é também um campo minado.
2. Na semana passada, uma notícia importante ocupou as traseiras da discrição nos jornais e televisões. Finalmente, os Estados Unidos encerraram a busca das armas de destruição no Iraque. O relatório final fecha a questão dizendo que nunca houve armas de destruição maciça do lado do Iraque. Na base de uma mentira, fez-se uma guerra de invasão para transformar o Iraque num imenso campo de treino do terror. E Bush foi reeleito. E devastado que está o Iraque pelas armas, já se discute se é ou não razoável nova guerra, agora contra o Irão.
E os nossos cabos de guerra, Durão Barroso à cabeça, que nos podem dizer sobre a guerra passada? Que guerras anseiam apoiar? Que assassinatos preparam? Pelas armas? Pela fome? Que arma de destruição maciça vão usar? A manipulação da informação na sua génese e formas de propagação é a guerra das guerras transformando a memória dos povos num imenso campo minado.
3. Não esquecer é resistir.
[o aveiro; 20/01/2005]
do pedinte
Será pedir demais pedir-te que me ames?
Nem preciso que me respondas
Basta que não te ofendas e ao ver-me
Não mudes de passeio nem te escondas.
Será pedir demais pedir-te que me ames?
Abre o porta-moedas e tira os dois dedos
De conversa que trazes escrita nas costas
De um bilhete com as dobras dos segredos.
Será pedir demais pedir-te que me ames?
Nem preciso que me respondas
Basta que não te ofendas e ao ver-me
Não mudes de passeio nem te escondas.
Será pedir demais pedir-te que me ames?
Abre o porta-moedas e tira os dois dedos
De conversa que trazes escrita nas costas
De um bilhete com as dobras dos segredos.
Será pedir demais pedir-te que me ames?
então o que me irritava era
era uma vez um julgamento. ao lado de um carrasco, algumas vítimas tinham sido constituídas em réus. para mim, perante a lei não eram iguais como réus.
desenhei, logo existiu
um pesadelo podia riscar o papel como o avião risca o céu e não mais do que isso.
assalto ao prazer do riso
os ministros do meu país
já não soletram disparates
preferem disparar dislates
pelos dois canos serrados do nariz.
já não soletram disparates
preferem disparar dislates
pelos dois canos serrados do nariz.
O sistema
Ansiamos a despedida definitiva deste governo de Santana Lopes. Ansiamos mesmo. Há algo de pestilento num governo como este. O mau cheiro não vem do desacordo que sempre tivemos e teremos das políticas de partidos com o Social Democrata ou o Popular. E nem terá a ver essencialmente com esta ou aquela medida de grande política, já que não houve tempo senão para a baixa política.
O que provoca a pestilência é um mundo de pequenas coisas, qual delas a mais ridícula ou a mais triste e perigosa. Um ministro que diz que não disse o que disse, outro que gasta à tripa forra ao mesmo tempo que debita postas de pescada para emagrecer o estado e matar o estado providência, outro que mostra cicatrizes de facadas enquanto esfaqueia um amigo qualquer, o que freta aviões para aviar um passeio oficioso, o que nos faz pagar um kit para a sua emergência médica, etc. Festival pimba!
Com a dissolução da Assembleia da República, Jorge Sampaio devolveu-nos a ilusão de podermos escolher outros deputados e, por essa via, escolhermos outro governo. Mas mal nos deixa viver a ilusão, porque sempre vai dizendo, entredentes, que é a política do centro que salva o país e que é preciso até arranjar leis eleitorais que facilitem maiorias, sendo que na sua cabeça só pode o governar o país um dos partidos siameses - socialista ou social democrata - que coincidem em muitos detalhes e genericamente em tudo o que de importante se pode dizer para Portugal e para a Europa.
Já os ouvimos dizer como usurpam o estado para os interesses dos grupos e das pessoas que vivem como suas borboletas. E que as pessoas sérias desses partidos aceitam a corrupção como doença da democracia e uma factura a pagar para que o país progrida em liberdade.
Para fora, defendem que não pode haver estado providência para os pobres e desvalidos. Sem quererem admitir que há um estado providência para demolir - o deles mesmos e das gamelas legais onde a legião do centro come o dinheiro que tem de ser tirado da boca dos pobres.
Não admira que Pulido Valente, cronista ex-deputado do PSD, diga que o problema não está na falta de maiorias para governar. O problema está nos partidos que obtêm as maiorias, no que eles são em sua essência. Não tendo feito favor ao PSD, Santana Lopes fez um favor ao centrão. Pode mesmo haver quem vote no PS para derrotar o PSD. Para quê?
[o aveiro; 13/01/2005]
O que provoca a pestilência é um mundo de pequenas coisas, qual delas a mais ridícula ou a mais triste e perigosa. Um ministro que diz que não disse o que disse, outro que gasta à tripa forra ao mesmo tempo que debita postas de pescada para emagrecer o estado e matar o estado providência, outro que mostra cicatrizes de facadas enquanto esfaqueia um amigo qualquer, o que freta aviões para aviar um passeio oficioso, o que nos faz pagar um kit para a sua emergência médica, etc. Festival pimba!
Com a dissolução da Assembleia da República, Jorge Sampaio devolveu-nos a ilusão de podermos escolher outros deputados e, por essa via, escolhermos outro governo. Mas mal nos deixa viver a ilusão, porque sempre vai dizendo, entredentes, que é a política do centro que salva o país e que é preciso até arranjar leis eleitorais que facilitem maiorias, sendo que na sua cabeça só pode o governar o país um dos partidos siameses - socialista ou social democrata - que coincidem em muitos detalhes e genericamente em tudo o que de importante se pode dizer para Portugal e para a Europa.
Já os ouvimos dizer como usurpam o estado para os interesses dos grupos e das pessoas que vivem como suas borboletas. E que as pessoas sérias desses partidos aceitam a corrupção como doença da democracia e uma factura a pagar para que o país progrida em liberdade.
Para fora, defendem que não pode haver estado providência para os pobres e desvalidos. Sem quererem admitir que há um estado providência para demolir - o deles mesmos e das gamelas legais onde a legião do centro come o dinheiro que tem de ser tirado da boca dos pobres.
Não admira que Pulido Valente, cronista ex-deputado do PSD, diga que o problema não está na falta de maiorias para governar. O problema está nos partidos que obtêm as maiorias, no que eles são em sua essência. Não tendo feito favor ao PSD, Santana Lopes fez um favor ao centrão. Pode mesmo haver quem vote no PS para derrotar o PSD. Para quê?
[o aveiro; 13/01/2005]
quando passamos por lá
Quando não passamos perto ficamos sem saber como é passarmos lá
Mas falamos dessa passagem apertada e escura com displicência
Para sermos admirados pelos pobres de pedir não há melhor ciência
Do que ser a forma do bolo com as velas apagadas pela experiência
Essa que nunca vivemos por já a termos lido sem sair de cá
Passamos pela morte perdendo tudo: rimas ritmos cadência.
a lã do tempo
O que eu queria era o casaco de lã
Que deitei fora entre a viela e o largo da infância
Num dia em que o sol o rompeu e à manhã
E eu suei as estopinhas atrás da bola das minhas meias
A falta que ele me faz
Nestes dias em que os glaciares deslizam
Sobre a minha cabeça e os pingos do nariz vermelho
Congelam no ar acima do chão dos becos da cidade
A falta que ele me faz
O casaco ... e a ágilidade de quando era rapaz
Que deitei fora entre a viela e o largo da infância
Num dia em que o sol o rompeu e à manhã
E eu suei as estopinhas atrás da bola das minhas meias
A falta que ele me faz
Nestes dias em que os glaciares deslizam
Sobre a minha cabeça e os pingos do nariz vermelho
Congelam no ar acima do chão dos becos da cidade
A falta que ele me faz
O casaco ... e a ágilidade de quando era rapaz
na soleira
Senta-te meu amor aqui nesta soleira
E deixa que a luz grave na palma da minha mão
De ti uma imagem que sejas tu na escuridão
Que não sei se é tua a ausência ou minha a cegueira.
E deixa que a luz grave na palma da minha mão
De ti uma imagem que sejas tu na escuridão
Que não sei se é tua a ausência ou minha a cegueira.
Pingo de vergonha
Há uns dias, uma página de um Diário da República de 14 de Outubro chegava-me anexada a uma mensagem que chamava a atenção para um Despacho da Presidência do Conselho de Ministros a nomear uma jovem professora para Vice-Presidente do Instituto do Consumidor. O Despacho descreve funções do Instituto e considera que a nomeada "reúne capacidades pessoais e técnicas, a que associa qualificada formação e experiência, decorrente do desempenho, ao longo da sua carreira, de funções técnicas e de formação, coordenação e organização de recursos, nomeadamente no sector cooperativo, que permitem concluir pelo seu adequado perfil para o exercício do cargo".
O currículo da nomeada, também vem na página do Diário da República, desmente vergonhosamente esse parágrafo. Esclarece que a nomeada foi professora de Filosofia e, na falta de melhor, acrescenta em linhas autónomas que esta elaborou e corrigiu provas (membro da elaboração - escreveu ela!), ou que frequentou acções de formação (na área da educação e conhecimento, escreveu ela!). Não é o que fazem os professores? Como cereja no bolo das suas competências para o cargo, diz-se que foi da direcção da MoviJovem. Tropeça até na escrita do seu currículo - insignificante até para professora!
No dia 4 de Janeiro, em artigo do Público, o mandante da nomeação declara que está bem justificada a nomeação pelo que se pode ler no despacho e a nomeada ainda joga ao ataque, achando que foi bem nomeada e que se fosse a levar em conta os currículos ela não teria oportunidade de mostrar o que vale. E que bem que ela mostra o que vale! Já várias vezes falei das duas faces das nomeações destes governos. Criminoso é quem nomeia sem critérios de competência - prejudicando e desacreditando a administração pública. De baixo estofo é quem aceita sabendo que não tem condições para o exercício e que não pode merecer qualquer respeito de subordinados e parceiros.
Este caso não é o único, é só mais um caso público que diz tudo sobre este governo. E sobre outros governos que assim procederam. E diz tudo sobre a nomeada que vai ter no seu currículo uma passagem como Vice-Presidente do Instituto do Consumidor para não parar de subir na vida fácil. O mesmo aconteceu com Ministros, Secretários de Estado, etc.
São formas de vida. Vende-se de tudo: corpo, alma, honra, dignidade. Sem pingo ... de vergonha.
[o aveiro; 6/1/2005]
O currículo da nomeada, também vem na página do Diário da República, desmente vergonhosamente esse parágrafo. Esclarece que a nomeada foi professora de Filosofia e, na falta de melhor, acrescenta em linhas autónomas que esta elaborou e corrigiu provas (membro da elaboração - escreveu ela!), ou que frequentou acções de formação (na área da educação e conhecimento, escreveu ela!). Não é o que fazem os professores? Como cereja no bolo das suas competências para o cargo, diz-se que foi da direcção da MoviJovem. Tropeça até na escrita do seu currículo - insignificante até para professora!
No dia 4 de Janeiro, em artigo do Público, o mandante da nomeação declara que está bem justificada a nomeação pelo que se pode ler no despacho e a nomeada ainda joga ao ataque, achando que foi bem nomeada e que se fosse a levar em conta os currículos ela não teria oportunidade de mostrar o que vale. E que bem que ela mostra o que vale! Já várias vezes falei das duas faces das nomeações destes governos. Criminoso é quem nomeia sem critérios de competência - prejudicando e desacreditando a administração pública. De baixo estofo é quem aceita sabendo que não tem condições para o exercício e que não pode merecer qualquer respeito de subordinados e parceiros.
Este caso não é o único, é só mais um caso público que diz tudo sobre este governo. E sobre outros governos que assim procederam. E diz tudo sobre a nomeada que vai ter no seu currículo uma passagem como Vice-Presidente do Instituto do Consumidor para não parar de subir na vida fácil. O mesmo aconteceu com Ministros, Secretários de Estado, etc.
São formas de vida. Vende-se de tudo: corpo, alma, honra, dignidade. Sem pingo ... de vergonha.
[o aveiro; 6/1/2005]
E fora eu esperar-te
A vida inteira
Fora eu esperar-te
Em carne viva numa esquina de ruas
E como uma carícia aérea visses
A ternura do meu desejo ao olhar-te
A vida inteira
Estenderas a mão até quase tocar-me
E não te afastaras mais que dois dedos
Para que a vida pudesse parar nesse instante
Da ansiedade em teu olhar ao desejar-me
A vida inteira
Fora o instante mais que perfeito
Ou imperfeito mas que se recordasse
A vida inteira.
Fora eu esperar-te
Em carne viva numa esquina de ruas
E como uma carícia aérea visses
A ternura do meu desejo ao olhar-te
A vida inteira
Estenderas a mão até quase tocar-me
E não te afastaras mais que dois dedos
Para que a vida pudesse parar nesse instante
Da ansiedade em teu olhar ao desejar-me
A vida inteira
Fora o instante mais que perfeito
Ou imperfeito mas que se recordasse
A vida inteira.
O caso notável de um debate
Um prego no sapato continuou uma discussão que tinha passado por mim. Não me interessa minimamente a toleima - Filomena Mónica e os "filhos de Rousseau - que anima a luta de correntes sociológicas e de ciências da educação e de matemáticos. Não me convencem. A teoria de uma conspiração de algumas ciências da educação ou cientistas da educação dominantes que estaria a dominar tudo e teria levado o ensino a um desastre é coisa que só pode defender quem não ensina crianças e adolescentes na "escola para todos". Nós sabemos que a realidade nunca tem a ver com o que se escreve e até sabemos que quem ganha na prática são o autoritarismo e o paleio do senso comum básico - e que infelizmente tem um efeito devastador na escola para todos. Vivo num mundo em que os dois lados da toleima teimam em entrar-me pelos ouvidos como se estivessem mais interessados em levar-me à surdez que em resolver qualquer problema. De vez em quando, frente a frente chego a acordo com cada um dos lados para ver o contrário do que se disse ser repetido logo ali ao lado para outro público... que espera a novidade e o sossego da consciência com alguma atribuição de culpa a outros.
Mas afinal quem ensina e certifica a imensa maioria dos professores de matemática? Qual é a corrente dominante na formação de professsores de matemática em Portugal? Quem fala mais alto nisto afinal? Se há uma conspiração vencedora, qual é a facção que venceu e não assume a responsabilidade do falhanço?
O que me interessa disto tudo é mesmo a utilização das propriedades das operações e a ilustração geométrica para as igualdades algébricas no básico. A figura ora vale mais que mil palavras ora abafa todas as palavras do futuro.... No ensino da matemática, qual o papel das figuras?
Mas afinal quem ensina e certifica a imensa maioria dos professores de matemática? Qual é a corrente dominante na formação de professsores de matemática em Portugal? Quem fala mais alto nisto afinal? Se há uma conspiração vencedora, qual é a facção que venceu e não assume a responsabilidade do falhanço?
O que me interessa disto tudo é mesmo a utilização das propriedades das operações e a ilustração geométrica para as igualdades algébricas no básico. A figura ora vale mais que mil palavras ora abafa todas as palavras do futuro.... No ensino da matemática, qual o papel das figuras?
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