declaração de freguês

Há uns anos, defendi publicamente a importância da participação dos grupos de cidadãos unidos em volta dos problemas locais, para os quais se mostravam incompetentes os poderes locais eleitos na base da divisão por partidos e nas obediências a interesses que não são o que é melhor para as populações residentes numa freguesia ou num município. Pensava eu, e ainda penso, que nada pode impedir um grupo de cidadãos de participarem activamente, e com exercício do poder, nas decisões que afectam as suas comunidades. As divisões partidárias impedem muitas vezes que as competências se juntem em colectivos de consciências livres para a busca do bem comum.

Fui então mandatário de uma lista de independentes candidata à Assembleia de Freguesia da Glória. Não conhecia a maioria das pessoas nem as suas intenções. Pessoas conhecidas umas das outras, interessantes nas suas diversas ocupações e preocupações sociais, ensinaram-me parte da vida, ouvindo e conversando com elas como quem conversa com a Glória. Lamentável foi que o grupo não se tivesse mantido em volta do único eleito, já que este não precisou dos seus companheiros nem se mostrou interessado em prestar contas a eles ou à freguesia dos seus eleitores. Fiquei a saber que mais do que reunir pessoas é preciso reunir vontades fortes e vozes capazes para a fala, que não percam as cabeças para serem uma "cabeça de lista".

Aproxima-se uma nova campanha para eleições autárquicas e sou candidato a voz dos munícipes de Aveiro na Assembleia Municipal, pelo Bloco de Esquerda, depositando as minhas esperanças nos jovens das listas do Bloco. Não é possível atribuir-lhes mesquinhos interesses pessoais, nem têm esperanças estranhas. Temos a ideia que nada os move a não ser a defesa de um nova ideia de Aveiro, na Câmara e na Assembleia Municipal. Ingénua coragem?

Não há qualquer arrependimento sobre a minha passada participação como mandatário dos "Independentes à Glória".

Já vivia nesta casa há 4 anos. Hoje, como então, saio de casa para a rua e não posso atravessar. Do outro lado ainda não há passeio. A minha aventura mais perigosa deste ano? Foi tentar ir a pé ao Pavilhão das Feiras. Há alguma amargura nisto? Há.

Candidato contra tantas pequenas mas persistentes desgraças, registo cuidadosamente os dias de hoje. Quero ser parte nas soluções dos problemas de Aveiro. Só isso. E é muito.




[o aveiro; 1/9/2005]

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