Saímos de casa mesmo quando tudo o desaconselha e não há necessidade premente que o exija. Saímos de casa para saber se o ar livre se mantém respirável.
Do outro lado de uma rua qualquer aqui perto, levanta-se do chão uma chama que tenta elevar-se sem o conseguir. Uma nuvem de cinza eleva-se acima da chama e dela dá notícia aos céus.
Sobre cada mesa de cada casa a nuvem de cinza cai lentamente e toma o lugar das toalhas. Entra nas casas quando se desfaz em chuva miudinha de pó e toma o lugar dos tapetes e do chão. Não olhamos para os telhados.
O sol deixa que a sua luz seja coada do que ela tem de bom. Os olhos não descansam e não descansam as impressões das mãos deixadas mas toalhas de poeira ainda mole, maleável, impressionável e ... instável.
1 comentário:
eu também de Aveiro, gosto muito da sua escrita.
gostei especialmente deste versos:
"Sobre cada mesa de cada casa a nuvem de cinza cai lentamente e toma o lugar das toalhas."
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