ipod

Ontem, passava pouco das oito horas, deambulava pela rua da escola soares dos reis do porto.
Ouvia música e imaginava-me em memphis ou coisa assim, não explico porquê. Para atender um telefonema, tirei os auscultadores e bati contra um transeunte a quem devo ter pedido desculpa. Quando acabou o telefonema, voltei a pôr os auscultadores e nada ouvi. Fui procurar a fonte dos sons e ela não estava no sítio. Percebi que não tinha sido abalroado por acaso e ainda fui até ao jardim à direita no fim da rua para falar com quem me tinha levado livros e poemas ditos, música, fotografias, um disco duro com sistema e... tudo o mais que esqueci ou não interessa para estas confissões.
Passados poucos minutos, estava a trabalhar e a esconder a minha profunda irritação.

Hoje, deu-me para pensar que o ipod, agora roubado, tinha vindo substiuir o cachimbo das minhas ruas, por mim mesmo perdido, achado e perdido em gestos de puro amor, solidão e companhia, ... E dá-me para a tisteza e para ter pena de mim mesmo. Muita pena mesmo. Muita vontade de ensimesmar e esquecer-me de sair. Assim mesmo ... ensimesmo.

E volto a fumar! Não me roubam cachimbos. Posso perdê-los. O que me roubam não posso perder.

3 comentários:

Anónimo disse...

As vezes pior que perder o objecto é perder os 60 Gigas de informação... A nossa informação...

Anónimo disse...

a mim, que nunca levaram o roubo até ao fim por sortes fortuitas, o que me tiraram foi o conforto da deambulação despreocupada.
mas não vale a pena recomeçar o fumo. perder um cachimbo é capaz de doer mais que o ipod.
dependerá do cachimbo e do que pusemos dentro do ipod.
uma questão de periféricos, portanto.

adealmeida disse...

Natália,
AInda estou irritado. Ainda não fui buscar o cachimbo. Ainda não tive tempo nem coragem para ensimesmar. Dependerá do que pusermos dentro do ipod? E do cachimbo não?
Estou admirado por não teres ido atrás dos músicos por essa europa fora.

A

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