naqueles dias, hoje

hoje, estava lá para ver
as costas de um dedo
a desenhar assinaturas
na fronte distraída

tão tarde e tão cedo
para publicar ternuras
impossíveis em vida

para publicar a despedida
de quando o tempo se dobra
escondendo a parte

que nem parte
nem fica

1 comentário:

ophelia disse...

Hora morta

Lenta e lenta a hora
Por mim dentro soa
(Alma que se ignora !)
Lenta e lenta e lenta,
Lenata e sonolenta
A lua se escoa...
Tudo tão inútil !
Tão como que doente
Tão divinamente
Fútil - ah, tão fútil
Sonho que se sente
De si próprio ausente...

Naufrágio ante o ocaso...
Hora de piedade...
Tudo é névoa e acaso
Hora oca e perdida,
Cinza de vivida
(Que Poente me invade?)
Porque lenta ante olha
Lenta em seu som,
Que sinto ignorar ?
Por que é que me gela
Meu próprio pensar
Em sonhar amar ?

Fernando Pessoa


*dei com este blog, e gostei! gostei muito!

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