Quando escrevia relatórios é que deus me aparecia:
olhava-me cheio de compaixão e eu insistia em largas frases judiciosas, porque ele ouvira falar sobre a bondade dos relatórios longos em que umas palavras mais sinceras e desagradáveis amaciavam outras que me davam um ar amigável de conselheiro.
Nunca deus me apareceu para a poesia:
deixou-me sempre sozinho e, por isso, nunca escrevi mais que dois versos cheios de nada, de palavras que procuram outras palavras incapazes todas para desenhar a face da divindade da vida humana.
2 comentários:
Deus nem sempre potencia o que nos dá jeito, por vezes,ausenta-se para não nos ouvir, ou anda a reflectir sobre a política celestial, e ausenta-se.
Bom Ano e parabéns atrasados( dia 8/12, não é?).
Ana Ramalho, Jorge Matos e Henrique.
Talvez os relatórios sejam a poesia de Deus, quem sabe?
Parabéns também.
Bom ano.
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