fim a gosto

lembro-me do tempo em que o mês de agosto aquecia ao rubro as pedras e a areia e eu cortava a respiração sem desfitar as lagartixas até elas desistirem da cauda entre os meus dedos
e isso foi antes de eu brincar ao jogo do sério


lembro-me também de haver assuntos que precisavam de tanto tempo para serem estudados que eu nunca estudava por não ter tanto tempo assim ou era o calor de agosto a entorpecer-me a vontade
e isso foi antes de eu brincar ao jogo da velhice

agora eu passo o mês de agosto a cansar-me numa banheira de água salgada na esperança de caminhar normalmente o resto do ano e não haver quem dê por ela até que mesmo eu pense que não há problema e tudo está bem
sabendo que tudo está bem quando acaba em bem

e isso é agora em que quem está a acabar sou eu :-)

3 comentários:

Marília disse...

Aposto em como nunca sequer pensaste cansares-te numa banheira de água salgada o ano inteiro, para poderes descansar o mês de agosto todo. E direito.

adealmeida disse...

Apostas bem. Ganhas.

Agosto não me entalou dentro de um colchão empurrado pela travessa que desista de suportar o meu peso. Não poderás gabar-te do mesmo.

Marília disse...

Pois não.
Mas não me doía nem me ficou a doer nada. E foi uma experiência e tanto!
Eh, eh, eh...

verdura

de Arsélio Martins, mesmo quando não parece .