Neste mês de Fevereiro, sobra-...

....-me tempo para um pouco de tudo. Nunca me senti tão conforme com o estado do tempo que aí vem e de aí foi e de novo virá de aí... ainda aí?
Tenho tempo demais para pensar no inexistente de lá fora... furturo ou talvez melhor furto do futuro, porque há quem assim diga. Mas isso tem o seu temporal porvir. Para hoje o tema....
...é outro e apaixonante: há quem escreva como se não escrevesse.
[Assim é, claro! digo eu como especialista do assunto. Sabido e admitido é que quem escreve finge querer deixar uma herança aos vindouros que não pode confundir-se com a utilidade do texto de algum velho ou novo testamento ou de testamento dado à guarda de juizo, advogado, solicitador para que o acumulado seja entregue a mula ou a cu....do em acordo com alguma vontade mesmo que não expressa forçosamente impressa. Ainda em vida percebi que ninguém dos meus sobrevivos sentirá obrigação em levar-me e entregar o meu cadáver para uma participação no teatro anatómico.
Há muitas trocas de opinião entre os mais próximos do cadáver: ouvi mesmo dizer que isso não tem sentido até porque o morto nunca pode ter a certeza de não vir a calhar em sorte um naco de sistema respiratório ou reprodutivo de bisavó ... à mesa do teatro anatómico em sorte atribuída a um seu bisneto...]
Quando chegamos aqui e agora, na hora de escrever o que nos falta impingir, só nos falta o que fomos acumulando que é tudo o que esquecemos até agora, aqui mesmo. O que escrevo, sei eu antes e agora, só a mim interessa. Como exemplo, houve um tempo em que escrevia para ser dito na rádio independente de aveiro e ouvido mesmo aqui ao lado sem pensar que não sobrava para ser lido. Do mesmo modo, escrevi para jornais locais (e não só) para ser lido não me lembro por que leitores que não ouviam as letras que juntara para as acompanhara até adormecerem nas páginas de jornal Sei que foi assim. E o que foi já era ... de outra era.

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