12022021, hoje

do que me lembro de quando eu pensava que o que não via não existia:
O que eu vejo não é o que tu vês, o que eu ouço não é o que ouves, o que eu desenho ou digo não é o que lês. Escrever palavras que ninguém ouvirá é o que eu sempre procurei. E que as palavras que eu venha a dizer nunca sejam escritas. Porque as palavras escrevem-se para serem lidas e dizem-se para serem ouvidas. Não são as mesmas ainda que iguais pareçam, como me acontece ao não me reconhecer na minha voz gravada. E o que eu escrevo não é o que tu escreves mesmo que sejam mesmas as letras das palavras que escrevemos, elas são entendidas de modos diferentes se atribuídas a mim ou a ti e mais diferentes ainda se as dissermos simultaneamente ou se eu as mesmas disser em momentos diferentes ou olhando para quem ouvê ou ouvive instantes diferentes.


hoje vejo uma máscara mal amanhada sem tapar a boca que nos come e o nariz que nos respira

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