a viola

muitas vezes, como
se soubesse tocar-lhe
abraço-a

assim como
se a embrulhasse
numa canção de embalar
antes de a acordar.

desenho, logo existe

No Guarany (Aliados) esperámos pela felicidade de rever "as seis gaivotas". Nada é melhor do que rir (se possível de nós mesmos para ser ainda melhor).

Enquanto esperávamos no Guarany, li umas linhas de uma entrevista a René Thom

(Parábolas e Catástrofes que a Dom Quixote publicou na OPUS - Biblioteca de Filosofia. A tradução perde ou ganha por não ser cuidada do ponto de vista da matemática?)

e, como sempre, fui desenhando

desenho, logo existe



pronto.... final.

desenho, logo existe



num congresso de quase só homens (!!) que podemos desenhar?

desenho, logo existe



santarém?

desenho, logo existe



nota-se muito que o congresso foi em santarém?

desenho. logo existe



nota-se muito que estive num congresso?

desenho, logo existe



nota-se muito que estive no congresso das cooperativas portuguesas?

desenho, logo existe



o luar contigo
é o desenho
de um luar comigo

desencontros tanto acontecem
ao luar contigo
como ao luar comigo


:-)

Nenhuma orelha te arde
por eu me pensar contigo.
Contra praga de cobarde
nem precisas de abrigo.

ainda agora aqui cheguei!

Ainda agora aqui cheguei e já estou atrapalhado.
Uma mensagem diz-me que eu devia ter mandado até hoje o artigo que já devia ter ido não sei quando.
Outra diz-me mesmo o que eu devia ter feito e com quem devia ter falado onde estive ontem e hoje.
Outra ainda me diz que se não existisse, tinha de ser inventado.
E há um amigo que me manda uma mensagem cujo assunto é Fw: O meu amigo Arsélio. Há mesmo quem me tenha mandado uma pergunta que só pode ser uma provocação. Aqui deixo o teor dessa mensagem:
Desculpem mas eu tenho aqui um perguntinha para vos fazer. Não será nada de complicado.
Concordam com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?

Ontem e hoje estive no Congresso das Cooperativas Portuguesas em Santarém.
Para partir foi uma aflição de aventuras de chaves fechadas a sete chaves portas a dentro das portas que é preciso abrir para as apanhar, enquanto me ia mantendo agarrado a papéis que afinal não foram enviados e nem sei onde estão.
Eu já não tenho idade para partir.

Aprendi por lá como aprendo sempre. E vi algumas pessoas que de outra forma não veria. Até vi uma pessoa que só pode não me ter reconhecido por já não se reconhecer a si mesmo. Porque passaram os anos e nós passámos com eles.

Oficial desmentido

O ministro das finanças do meu pais é tido por pessoa de princípios rígidos. É daqueles que toma medidas para salvar o pais. Toma medidas e manda apertar os cintos, de castidade incluídos. Há muita gente que assim pensava até que há uns meses ele aceitou ser o financeiro de Santana.

Depois de ter estado em governos a defender o sigilo bancário como forma de cativar os investidores estrangeiros e nacionais, vem agora dizer-nos que para o ano não há sigilo bancário para ninguém. Disseram mesmo os comentadores que a esquerda ficou cativa das medidas felixes, rigorosas, populares e de controle do capitalismo selvagem ou dos selvagens capitalistas. O homem foi tão longe que até disse acabar com os benefícios fiscais dos ricos naquelas coisas chamadas poupanças ditas PPR, PPR-E, PH, etc. Os capitalistas que se cuidem.

Para fazer umas obras na cozinha cooperativa, lá tive de ir ao banco ver se havia poupanças e pedir empréstimo para pagar o que as poupanças não cobrem. Recomendaram-me que reforçasse a poupança-habitação até ao fim do ano e fiquei a saber que aquela coisa do fim dos benefícios fiscais ainda não era e que as medidas felixes não entram no orçamento de 2005.

Percebia pouco disto, percebo menos agora. Perplexo, comecei a ver cartazes do banco do estado, a caixa geral de depósitos, um pouco por todo o lado a incitar-nos a todos a fugir ao fisco, usando poupanças. O mais delirante de todos dizia: "Brasil - o novo paraíso fiscal para quem quer poupar nos impostos." E eu a pensar que os capitalistas portugueses eram aconselhados a fugir para o Brasil. Mas não! O banco do estado português esclarece no mesmo cartaz a politica da campanha: "Paraíso fiscal é poupar nos impostos e ainda ganhar viagens. Este ano, poupe até ?2691 no IRS com as Soluções de Poupança Fiscal da Caixa e habilite-se ao sorteio de viagens a sítios paradisíacos. E se antecipar os investimentos até 10 de Dezembro, multiplicará as hipóteses de ser premiado". O banco do estado promove o pais como paraíso fiscal. Onde está o Félix nisto tudo?

Os velhos como eu achavam que o governo devia ser de homens e mulheres de uma só palavra que, para alem de o serem, tinham de parecer sérios e com espírito de serviço. Há uns anos, começou a valer a ideia que não podia desrespeitar a lei e era conveniente parecer sério quem quisesse ser governante.

E agora?



[o aveiro; 18/11/2004]

as duas pastas

Trago sempre duas pastas dentífricas dentro da pasta onde guardo também alguma roupa interior e lenços de assoar. Nunca me foram úteis a...